Este estudo transversal foi realizado para avaliar acidentes com material biologicamente contaminado entre estudantes de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Foi aplicado um questionário individual de resposta espontânea e sigilosa, em 694 (43,4%) estudantes do quinto ao décimo segundo semestres do curso médico. Foram relatados 349 acidentes, com aumento progressivo de 33,9 até 52,3% entre os estudantes do quinto ao décimo primeiro períodos, respectivamente. Cerca de 63% dos acidentes foram com agulha ou objeto cortante; 18,3% afetando mucosas; 16,6% a pele; 1,7% simultaneamente a pele e a mucosa. Os contaminantes principais foram sangue (88,3%) e secreção vaginal (1,7%). As regiões do corpo mais freqüentemente afetadas foram as mãos (67%), olhos (18,9%), boca (1,7%) e outras (6,3%). Os procedimentos realizados no momento em que o acidente ocorreu foram sutura (34,1%), administração de anestesia (16,6%), participação em cirurgia como observador (8,9%), punção de veia com agulha (8,6%), observação de parto (6,3%) e outros (25,9%). O setor de biossegurança da instituição foi procurado por 49% dos acidentados para a busca de providências pertinentes à cada caso. Destes estudantes, 29,2% não receberam assistência médica considerada adequada e esclarecedora para sua situação. Cerca de 8 % dos estudantes receberam antiretrovirais, destes 86% descontinuaram o tratamento com o resultado do exame Elisa rápido feito no paciente fonte (VIH-negativo); 6,4% descontinuaram o tratamento devido aos efeitos colaterais das drogas usadas e 16% completaram corretamente o tratamento.
A survey was done to determine the most common hospital accidents with biologically contaminated material among students at the Medical College of the Federal University of Minas Gerais. Six hundred and ninety-four students (between fifth and twelfth semesters of the college course) answered the questionnaire individually. Three-hundred and forty-nine accidents were reported. The accident rate was found to be 33.9% in the third semester of the course, and increased over time, reaching 52.3% in the last semester. Sixty-three percent of the accidents were needlestick or sharp object injuries; 18.3% mucous membrane exposure; 16.6% were on the skin, and 1.7% were simultaneously on the skin and mucous membrane exposure. The contaminating substances were: blood (88.3%), vaginal secretion (1.7%), and others (9.1%). The parts of the body most frequently affected were: hands (67%), eyes (18.9%), mouth (1.7%), and others (6.3%). The procedures being performed when the accidents occurred were: suture (34.1%), applying anesthesia (16.6%), assisting surgery (8.9%), disposing of needles (8.6%), assisting delivery (6.3%), and others (25.9%). Forty-nine percent of those involved reported the accident to the accident control department. Of these 29.2% did not receive adequate medical assistance. Eight percent of those involved used antiretroviral drugs and of these 86% discontinued the treatment on receiving the Elisa method applied to the patient (HIV-negative); 6.4% discontinued the treatment due to its side-effects; and 16% completed the treatment.