Resumo Neste artigo abordamos as relações dos feminismos no Brasil com as forças e discursos políticos de esquerda e de direita que emergiram, de maneira massiva, a partir do início do milênio, e que têm sido identificadas como populismos. No contexto da chamada “maré rosa”, o Brasil viveu, de 2004 a 2016, quatro governos eleitos a partir de um grande apelo ao popular e às políticas sociais de inclusão das camadas menos favorecidas da sociedade. A partir do Golpe parlamentar e midiático de 2016, revestido por um processo de impeachment da Presidenta Dilma Roussef, outras forças políticas emergiram no cenário, com um cunho conservador de direita. Feminismos também emergiram nesse contexto com muita visibilidade, especialmente a partir de 2011, em manifestações e organizações bastante diversificadas como as Marchas das Vadias, as Marchas das Margaridas (camponesas), ocupações em escolas e universidades, a Marcha das Mulheres Negras, a Primavera Feminista, a greve de mulheres 8M, entre outras. Nosso objetivo é refletir sobre os desafios dos feminismos nos embates com essas forças políticas de esquerda ou direita, e seu papel político no Brasil contemporâneo a partir de um olhar da história do tempo presente.
Abstract This article addresses the relations of Brazilian feminisms with leftist and rightist political forces and discourses that massively emerged at the beginning of the millennium and that have been identified as populisms. During the so-called “pink wave” in Brazil from 2004 to 2016, four governments were elected due to the strong demand of inclusive social policies for the least favored layers of society. Other political right-wing and conservative forces emerged after the parliamentary and media coup of 2016, which was disguised as the impeachment of President Dilma Rousseff. That situation also allowed feminisms to emerge, having great visibility, especially since 2011, in demonstrations and organizations that are quite diversified, such as the “Sluts March”, the “March of the Daisies” (peasant women), occupations of schools and universities, the “March of Black Women”, the “Feminist Spring”, “women’s 8M strike”, among others. Our objective is to debate the challenges presented by feminisms in the encounters with leftist or rightist political forces, and what is their political role in contemporary Brazil, analyzing the history of the present.