INTRODUÇÃO: A polineuropatia periférica é uma das 19 síndromes neuropsiquiátricas do lúpus eritematoso sistêmico, segundo os critérios de classificação propostos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR) para síndromes neuropsiquiátricas. No entanto, há descrições raras dessa manifestação, particularmente em populações de lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ). MÉTODOS: De 1983 a 2007, 5.079 pacientes foram acompanhados na Unidade de Reumatologia Pediátrica do ICr-HC-FMUSP, e o diagnóstico de LESJ segundo os critérios do ACR foi estabelecido em 228 casos (4,5%). Polineuropatia periférica foi diagnosticada de acordo com as síndromes neuropsiquiátricas do ACR. RESULTADOS: Dos 228 pacientes com LESJ, cinco (2,2%) desenvolveram polineuropatia periférica e foram retrospectivamente descritos. O diagnóstico foi confirmado por eletroneuromiografia, que evidenciou polineuropatia periférica distal, sensitiva e/ou motora, envolvendo quatro membros em dois pacientes e membros inferiores nos demais. Três eram pacientes do sexo feminino e todos tiveram a polineuropatia periférica após o diagnóstico de LESJ. A mediana de idade de início da doença foi de 14 anos, e a mediana de tempo entre o início de LESJ e o diagnóstico da polineuropatia periférica foi de 23 meses. As apresentações clínicas mais comuns foram fraqueza muscular e hiporreflexia. Todos os pacientes apresentavam anticorpos antifosfolípides. O tratamento foi realizado com corticosteroides em todos os pacientes, associado com ciclofosfamida endovenosa em três. Um paciente evoluiu com incapacitação funcional, presença de paresia de membros inferiores e necessidade de cadeira de rodas. Uma paciente faleceu por sepse grave. CONCLUSÕES: A polineuropatia periférica é uma manifestação rara no LESJ, grave, por vezes incapacitante e habitualmente associada a anticorpos antifosfolípides.
INTRODUCTION: Peripheral polyneuropathy is one of 19 neuropsychiatric syndromes seen in systemic lupus erythematosus, according to the classification criteria proposed by the American College of Rheumatology (ACR) for neuropsychiatric syndromes. However, this manifestation has not been reported very often, especially in patients with juvenile systemic lupus erythematosus (JSLE). PATIENTS AND METHODS: From 1983 to 2007, 5,079 patients were seen at the Pediatric Rheumatology Unit of the ICr-HC-FMUSP; 228 (4.5%) patients were diagnosed with JSLE according to the criteria of the ACR. Peripheral polyneuropathy was diagnosed according to the criteria for neuropsychiatric syndromes of the ACR. RESULTS: Five (2.2%) out of 228 patients with JSLE developed peripheral polyneuropathy and were described retrospectively. The diagnosis was confirmed by electroneuromyography, which showed the presence of distal peripheral polyneuropathy, sensorial and/or motor, involving all four limbs, in two patients, and the lower limbs, in three patients. Three of those patients were females, and peripheral neuropathy developed after the diagnosis of JSLE. The mean age of onset of the disease was 14 years, and the mean time between the onset of JSLE and the diagnosis of peripheral polyneuropathy was 23 months. The most common clinical presentations included muscular weakness and hyporeflexia. Antiphospholipid antibodies were present in all patients. Treatment consisted of corticosteroids in all patients, associated with intravenous cyclophosphamide in three patients. One patient evolved to functional disability and paresis of the lower limbs, requiring a wheelchair. One female patient died of severe sepsis. CONCLUSIONS: Peripheral polyneuropathy is a rare, severe, and occasionally incapacitating manifestation of JSLE, commonly associated with the presence of antiphospholipid antibodies.