Resumo Na fase crítica de imaturidade imunológica do recém-nascido, em especial do sistema imune de mucosas, o lactente recebe grandes quantidades de componentes bioativos através do colostro e do leite materno. O colostro é o reforço imunológico natural mais potente conhecido pela ciência. O aleitamento materno protege o lactente de infecções principalmente por meio dos anticorpos IgA secretores (IgAS), mas também por meio de vários outros fatores bioativos. É surpreendente que os fatores de defesa do leite humano ajam sem causar inflamação e alguns componentes são, de fato, anti-inflamatórios. A proteção contra infecções tem sido bem evidenciada durante a lactação, combatendo, por exemplo, diarreia aguda e prolongada, infecções do trato respiratório, incluindo otite média, infecção do trato urinário, sepse neonatal e enterocolite necrosante. O conteúdo imunológico do leite evolui ao longo do tempo: nas fases iniciais de lactação, IgAS, fatores anti-inflamatórios e, mais provavelmente, as células imunologicamente ativas provêm ajuda adicional para o sistema imune imaturo do neonato. Depois desse período, o leite materno continua a adaptar-se extraordinariamente à ontogenia infantil, às suas necessidades de proteção imune e nutricionais. Entende-se, portanto, a necessidade de se estimular o aleitamento materno pelo menos durante o primeiro semestre de vida, período em que a produção própria de IgA secretória é ainda pouco significativa.
Summary In the critical phase of immunological immaturity of the newborn, particularly for the immune system of mucous membranes, infants receive large amounts of bioactive components through colostrum and breast milk. Colostrum is the most potent natural immune booster known to science. Breastfeeding protects infants against infections mainly via secretory IgA (SIgA) antibodies, but also via other various bioactive factors. It is striking that the defense factors of human milk function without causing inflammation; some components are even anti-inflammatory. Protection against infections has been well evidenced during lactation against, e.g., acute and prolonged diarrhea, respiratory tract infections, including otitis media, urinary tract infection, neonatal septicemia, and necrotizing enterocolitis. The milk’s immunity content changes over time. In the early stages of lactation, IgA, anti-inflammatory factors and, more likely, immunologically active cells provide additional support for the immature immune system of the neonate. After this period, breast milk continues to adapt extraordinarily to the infant’s ontogeny and needs regarding immune protection and nutrition. The need to encourage breastfeeding is therefore justifiable, at least during the first 6 months of life, when the infant’s secretory IgA production is insignificant.