O diagnóstico diferencial das anemias microcíticas é complexo e sua investigação laboratorial, de custo elevado. O uso de índices hematimétricos para racionalizar a abordagem diagnóstica tem sido proposto para contornar essa problemática. OBJETIVO: Avaliar a utilidade diagnóstica dos índices hematimétricos nas anemias microcíticas, de modo prospectivo, em hospital geral de alta complexidade. MÉTODOS: Foram analisados 2278 hemogramas realizados nos nossos serviços. Baseados em eletroforese de hemoglobina e ferritina, estratificamos 52 pacientes adultos com anemia microcítica em três grupos: Anemia ferropriva (AF; n=26 pacientes), Beta-Talassemia Menor (BTM; n=17) e Anemia não-ferropriva e não-beta-Talassemia (ANFNT; n=9). Avaliamos o uso dos seguintes índices hematimétricos na discriminação dos três grupos, por análise de variância e curvas ROC: RBC, VCM, HCM, RDW, índices de England e de Green. RESULTADOS: Nenhum dos índices permitiu a separação integral dos três grupos. Determinamos valores de corte para cada um dos índices e calculamos sensibilidade (S), especificidade(E), valores preditivos positivo e negativo e eficácia, em função de sua melhor discriminação. A discriminação de BTM foi melhor realizada pelo RBC acima de 5 milhões/mL, com S=82,3% e E=82,8%; enquanto a anemia ferropriva, pelo RDW acima de 16%, mas com S de apenas 69,2% e E=80,7%. CONCLUSÕES: A anemia ferropriva apresenta difícil diagnóstico presuntivo pelos índices, devendo ser realizada confirmação laboratorial. Valores elevados de RBC em anêmicos devem fazer suspeitar de traço talassêmico, sendo recomendável confirmação diagnóstica.
OBJECTIVE: To evaluate prospectively RBC indices as a diagnostic tool at a high complexity general hospital. METHODS: We analyzed 2278 blood cell counts from the core laboratory of our service and we found 343(15%) microcytic anemias. Concomitant serum samples were found from 52 patients above 14 years-old, and ferritin measurement and hemoglobin electrophoresis were performed. We classified our patients in three groups: Iron-deficiency anemia (AF; 26 patients), beta-thalassemia minor (BTM; n=17) and non-iron-deficiency-non-beta-thalassemia (ANFNT; n=9). We evaluated the following RBC indices for group discrimination, with variance and ROC curve analysis: RBC, MCV, MCH, RDW, England's index and Green's index. RESULTS: None of the indices allowed complete discrimination of all groups. We have established limits for each of the indices, and sensitivity (S), specificity(E), positive and negative predictive values and test efficiency were determined. BTM was better distinguished from the other groups by RBC (above 5 millions/mL) and England's index (<6), both with S=82.3% and E of 82.8%. A RDW above 16% was the best index of AF, with S=69.2% and E= 80.7%. CONCLUSIONS: Presumptive diagnosis of AF is troublesome when using RBC indices; diagnosis should be based on complete laboratory evaluation. Elevated RBC levels, specially above 5 millions/muL, in anemic patients with microcytosis are important indicatives of BTM, and confirmatory tests are suggested.