RESUMO Contexto A terapia antiviral para a hepatite C crônica com interferon peguilado e ribavirina tem eficácia longe do ideal e é repleta de eventos adversos. Entre estes, destaca-se o transtorno depressivo que pode inclusive levar a interrupção do tratamento. Objetivos Em pacientes com hepatite C crônica tratados com interferon peguilado (IFN-PEG) e ribavirina, verificar a incidência de episódio depressivo, os possíveis fatores associados ao seu surgimento e o impacto deste sobre a resposta virológica sustentada. Métodos Portadores de hepatite C crônica submetidos à terapia antiviral foram entrevistados no Baseline, nas semanas 4, 12, 24, 48 de tratamento e quatro semanas após o término do mesmo utilizando a escala HADS para rastreamento do episódio depressivo e naqueles com HADS ≥9 o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II) para graduação do episódio. Variáveis clínicas, sociodemográficas, laboratoriais e histológicas foram obtidas com o objetivo de identificar os fatores relacionados ao surgimento da depressão. A taxa de resposta virológica sustentada (HCV-RNA negativo seis meses após a interrupção da terapia) foi comparada entre os pacientes com e sem sintomas depressivos. Resultados Foram incluídos 32 pacientes, a maioria do sexo masculino (59%) e com média de idade de 54±11,13 anos. Prevaleceu o genótipo não 1 (56%) e 81% dos pacientes foram não cirróticos. Episódio depressivo foi diagnosticado em 25% dos pacientes sendo o pico de incidência observado na semana 12 de tratamento. O episódio depressivo foi moderado em 87% dos pacientes e motivou a interrupção em somente 1 deles. Nenhum dos fatores analisados foi associado ao surgimento de episódio depressivo observando-se uma tendência com relação ao sexo feminino ( P =0,08). A taxa de resposta virológica sustentada foi 75% e 67% nos pacientes com e sem episódio depressivo, respectivamente ( P =0,66). Conclusão A incidência de episódio depressivo em pacientes com hepatite C crônica submetidos à terapia antiviral foi de 25% e a semana 12 é a mais crítica. A presença de episódio depressivo não interferiu na taxa de resposta virológica sustentada.
ABSTRACT Background The effectiveness of antiviral therapy with pegylated interferon and ribavirin for chronic hepatitis C is far from ideal and presents several adverse events. Among such events, there is the depressive episode that can even lead to treatment discontinuity Objective Analyze the incidence of depressive episodes in patients with chronic hepatitis C treated with pegylated interferon (IFN-PEG) and ribavirin, as well as the possible factors associated with its occurrence and its impact on patients' sustained virological response. Methods People with chronic hepatitis C undergoing antiviral therapy were interviewed at the baseline, at the 4th, 12th, 24th and 48th treatment weeks and 4 weeks after the end of it, using the HADS scale for tracking the depressive episode. Patients with HADS ≥9 were subjected to Beck Depression Inventory (BDI-II) to grade the episode. Clinical, sociodemographic, laboratorial and histological variables were obtained to identify factors related to the onset of depression. The sustained virological response rate (negative HCV-RNA 6 months after end of therapy) was compared among patients with and without depressive symptoms. Results The study comprised 32 patients, most men (59%) with mean age of 54±11.13 years old. Genotype non-1 was prevalent (56%) and 81% of the patients were non-cirrhotic. The depressive episode was diagnosed in 25% of the patients and the peak incidence was found in the 12th treatment week. The depressive episode was moderate in 87% of the patients and only one patient abandoned the treatment. None of the analyzed factors was associated with depressive episode onset. A trend was observed in female patients ( P=0.08). The sustained virological response rate was of 75% and 67% in patients with and without depressive episode, respectively (P =0.66). Conclusion The incidence of depressive episodes in patients with chronic hepatitis C undergoing antiviral therapy was of 25% and the 12th treatment week was the most critical one. The presence of depressive episode did not affect the sustained virological response rate.