Lontra longicaudis (Olfers, 1818) (Carnivora: Mustelidae) é um animal semi-aquático com distribuição nas Américas Central e do Sul, exceto no Chile. A implantação de uma usina hidrelétrica em um rio altera a dinâmica do curso d'água, transformando um ambiente lótico em um lêntico ou semilótico, o que pode prejudicar a alimentação das lontras. De abril de 2008 a março de 2009 foi analisado o hábito alimentar das lontras em um ambiente lótico (riacho) e semilótico (reservatório hidrelétrico) no Vale do Paranapanema, sudeste do Brasil. Visando comparar a dieta das lontras nessas duas áreas analisamos estatisticamente a frequência de ocorrência dos principais itens nas fezes. Peixes representaram a base da dieta, tanto no riacho como no reservatório e, apesar da dieta total das lontras ser semelhante entre os dois ambientes, os resultados evidenciaram alterações nas espécies de peixes consumidas entre eles. No reservatório, as lontras se alimentaram em maior quantidade da espécie exótica do peixe Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758), provavelmente, por ser uma presa de fácil captura neste local. O fato das lontras conseguirem se estabelecer e se alimentar no reservatório não significa que essa estrutura seja benéfica para a espécie porque a alimentação ofertada consiste principalmente de espécies de peixes exóticas.
Lontra longicaudis (Olfers, 1818) (Carnivora, Mustelidae) is a semi-aquatic animal spread through the Central and South America, except in Chile. The implantation of a hydroelectric power plant along a river alters the dynamics of the watercourse, transforming a lotic environment into a lentic or semilotic one, what can damage the otter's feeding. From April 2008 to March 2009 we analysed the otter's food habits in lotic (streamlet) and semilotic (hydroelectric reservoir) environments of Paranapanema Valley, in southeastern Brazil. Aiming to compare the otter's diet of these two environments, we analyzed statistically the frequency of occurrence of main items in the scats. Fishes represent the base of the diet both in the reservoir and in the streamlet and, despite of the total otter's diet showing up similarities in the two environments, the results evidenced modifications on the fish species consumed between them. In the reservoir the otters ate more exotic fish Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) probably because it is an easy capture prey in this place. The fact that the otters get established and feed in the reservoir doesn't mean that this structure is benefic to the species because the food supplied for it consists mainly of exotic fish species.