O estudo descreve a situação da tuberculose no Município de São Gabriel da Cachoeira, Estado do Amazonas, Brasil, no período de 1997 a 2002. Este município de população predominantemente indígena constitui uma importante noso-área da Amazônia para o problema da tuberculose, cuja magnitude se expressa por intermédio do coeficiente 2,4 vezes mais elevado que a média estadual e até quatro vezes mais que a média nacional. Análises estatísticas utilizadas para avaliar a tendência em relação à associação com a idade, o sexo e a forma clínica revelaram diferenças no comportamento da endemia, quando comparados os coeficientes de incidência entre os casos de procedência urbana e rural. As taxas padronizadas mostraram a população masculina com uma incidência mais elevada que a feminina nas duas áreas de residência. A faixa etária mais atingida foi acima de 50 anos, porém a proporção de menores de 15 anos se mostrou acima dos valores esperados na população geral do país, além de apresentar diferentes níveis de gravidade nas subáreas rurais estudadas. Os achados indicam que esta situação pode ser explicada pelas desigualdades, sobretudo, relativas à acessibilidade aos serviços de saúde que, contraditoriamente, parecem menos resolutivos na área urbana.
This study describes the tuberculosis situation in São Gabriel da Cachoeira, Amazonas State, Brazil, from 1997 to 2002. The county, which has a predominantly Indian population, is a relevant tuberculosis area in Amazonas, since the infection rate is 2.4 to 4 times that of the overall State and national rates. The statistical analyses used to assess its association with age, gender, and clinical form showed differences in the endemic behavior, comparing the urban and rural incidence rates. Males had higher standardized incidence rates than females in both the urban and rural areas. The most heavily affected age group was greater than 50 years, but the rate among individuals under 15 years was above the overall national rate, in addition to presenting different severity levels in the rural sub-areas that were studied. The situation can be explained mainly by inequalities in access to health services, which paradoxically appear to show lower case-resolving capacity in urban areas of the county.