RACIONAL: O tratamento convencional de Helicobacter pylori consiste na utilização de antimicrobianos, aos quais uma minoria expressiva de pacientes não responde. Tratamentos alternativos para a infecção têm sido propostos, incluindo o uso de antioxidantes. Destaque crescente tem sido atribuído à vitamina C ao se demonstrar que concentrações da mesma no estômago de indivíduos infectados com H. pylori são substancialmente menores do que as de indivíduos saudáveis. Doses farmacológicas de vitamina C foram investigadas na erradicação de H. pylori com resultados controversos. OBJETIVO: Avaliar o efeito da administração via oral de vitamina C sobre a colonização de estômago por H. pylori em pacientes infectados, com gastrite crônica ou com úlcera péptica cujos tratamentos convencionais não resultaram em erradicação. MATERIAL E MÉTODOS: Protocolo I: estudo aleatório, duplo-cego, controlado por placebo em pacientes com gastrite crônica, sem tratamento prévio para a infecção. Protocolo II: estudo aberto, não controlado em pacientes com úlcera péptica e pelo menos dois tratamentos prévios de erradicação. O tratamento consistiu em vitamina C 5 g/dia durante 28 dias consecutivos. Seu efeito foi avaliado pelo teste respiratório com 14C-uréia quanto à taxa de erradicação, à variação de radioatividade e à supressão da infecção. RESULTADOS: No protocolo I, 38 pacientes completaram o estudo, 21 recebendo vitamina C e 17 recebendo placebo durante 28 dias. A taxa de erradicação "por protocolo" com vitamina C foi zero, intervalo de confiança de 95%: 0%-15%. No protocolo II, oito pacientes completaram o tratamento. A taxa de erradicação foi zero, com intervalo de confiança de 95%: 05-32%. Não houve diminuição da carga bacteriana. CONCLUSÕES: A administração de vitamina C na dosagem diária de 5 g durante 28 dias não é eficaz na erradicação de infecção por H. pylori, nem altera quantitativamente sua carga no estômago dos pacientes infectados.
BACKGROUND: The conventional treatment of Helicobacter pylori infection consists on antibiotics, to which a small but significant number of patients are non-responders. Alternative treatments to the infection have been suggested, including the use of antioxidants. There has been such increasing interest upon vitamin C since it was demonstrated vitamin C concentrations in the stomach of infected patients are significant lower compared to healthy subjects. Pharmacological doses of vitamin C have been investigated for eradication of H. pylori, with controversial results. AIM: To evaluate the effect of oral administration of vitamin C on H. pylori colonization in the stomach of patients with chronic gastritis and patients with peptic ulcer who had experienced antimicrobial treatment failures. MATERIAL AND METHODS: Protocol I: randomized, double-blinded, placebo controlled study, with patients with chronic gastritis, with no previous treatment for eradication. Protocol II: open, uncontrolled study, with patients with peptic ulcer, with at least two previous treatments for eradication. Treatment consisted of 5 g vitamin C for 28 consecutive days. The effect of the treatment was evaluated by 14C-urea breath test concerning eradication rate, radioactivity variation and infection suppression. RESULTS: In Protocol I, 38 patients completed the study - 21 received vitamin C and 17 received placebo 28 consecutive days. Eradication rates per-protocol analysis with vitamin C were 0, with 95% confidence interval of 0-15%. In Protocol II, eight patients completed treatment. Eradication rate was 0%, with 95% confidence interval of 0-12%. H. pylori load was not decreased. CONCLUSION: Administration of vitamin C, in a 5 g/day dosage during 28 days is neither effective for H. pylori eradication nor quantitatively alters the bacteria load in the stomach of infected patients.