Objetivo: Com as avanços no tratamento das lesões obstrutivas das artérias coronárias pela hemodinâmica, torna-se atraente a revascularização do miocárdio pelas técnicas minimamente invasivas. O objetivo deste trabalho é o relato de nossa experiência após 3 anos com o uso desta técnica, analisando-se a utilização de estabilizador mecânico de suturas, as vias de acesso e os resultados obtidos. Casuística e Métodos: Foram operados 120 pacientes, sendo 86 do sexo masculino, com idades variando de 30 a 83 anos (média de 61,2 anos). Todos eram portadores de lesões coronarianas obstrutivas acima de 80%. Os uniarteriais eram portadores de lesões, de 79,2% no ramo interventricular anterior (RIA), 1,6% dos ramos diagonais (Dg) e 0,8% da artéria coronária direita (CD). Os biarteriais apresentavam lesões de 17,6% RIA e Dg e 0,8% RIA e Marginal esquerda da artéria circunflexa (MgE). Foram utilizadas duas vias de acesso: para lesões isoladas do RIA foi utilizada preferencialmente a minitoracotomia anterior de 8 cm no quarto espaço intercostal esquerdo. Para lesões associadas RIA/Dg foi utilizada incisão longitudinal mediana limitada de 10 a 12 cm, com secção total do esterno e afastamento de 5 a 6 cm de suas bordas. Não foi utilizada circulação extracorpórea e não houve manipulação ou abordagem da aorta. Foram usados betabloqueadores e vasodilatadores endovenosos e, para realização das anastomoses, torniquetes proximais em todos os casos, além do CO2 para manter o campo operatório livre de sangue. Nos últimos 82 pacientes utilizou-se o estabilizador mecânico de sutura para redução regional dos batimentos cardíacos. Em 22 (18,4%) pacientes a ATIE foi alongada com segmento de veia safena, artéria radial ou epigástrica. Na revascularização para RIA e Dg foi utilizado "Y" artificial a partir da ATIE com enxerto venoso ou arterial. Estudo cinecoronariográfico foi realizado entre o 1º e 3º dias de pós-operatório em 84 (70%) pacientes que foram analisados, baseados nos seguintes achados, de acordo com a condição da anastomose: Grau A - sem obstruções; Grau B - obstrução > que 50%; Grau C - oclusão. Esta avaliação foi feita em 2 períodos distintos: no 1º período, sem o uso do estabilizador de sutura e no 2º período, com o uso do estabilizador. Resultados: A cinecoronariografia revelou a seguinte condição das anastomoses: no primeiro período (38 anastomoses), Grau A - 79%, Grau B - 5,2% e Grau C - 15,8%. No segundo período (62 anastomoses), Grau A - 90,4%, Grau B - 6,4% e Grau C - 3,2%. Os drenos torácicos ou mediastinais foram retirados em média com 22,4h. Tivemos 8,0% de reoperações, sendo 4,8% relacionadas à anastomose, 4,0% imediatas e 0,8% tardias e, 3,2% não relacionadas à anastomose, 2,4% imediatas e 0,8% tardias. Em 99,2% dos casos não houve complicações isquêmicas no pós-operatório imediato e 118 (98,4%) receberam alta hospitalar. Desses pacientes, 115 (95,8%) receberam alta entre 2 e 9 dias, com média de 4,6 ± 1,8 dias e 3 (2,4%) pacientes tiveram internação prolongada por processo infeccioso pulmonar. A morbidade total foi de 14,2%, sendo infecção da ferida 4,0%; atelectasia pulmonar 3,2%; enfisema subcutâneo 3,2%; sangramento 2,4% e broncopneumonia 2,4%. A mortalidade imediata foi de 1,6%. Conclusão: A cirurgia de revascularização por técnica minimamente invasiva vem mostrando ser uma alternativa para determinado grupo de pacientes. Apresenta melhor estética e recuperação pós-operatória mais rápida. Os resultados em relação à anastomose são superiores quando utilizado o estabilizador mecânico de sutura.
Purpose: With the improvements in the hemodynamic treatment of coronary artery lesions, myocardial revascularization using minimally invasive technique is a compelling option. The objective of this study is to report our three-year experience with this technique, evaluating the use of a suture mechanical stabilizer, the access routes and the results obtained. Material and Methods: One hundred and twenty patients were operated on, 86 were male, with ages ranging from 30 to 83 years, mean 61.2 years. All of them had obstructive coronary lesions greater than 80%. Of those with single artery lesions, 79.2% anterior interventricular branch (AIB) lesions, 1.6% had diagonal branch (Dg) lesions and 0.8% right coronary artery (RCA) lesions. Those with associated artery lesions had 17.6% of AIB and Dg lesions and 0.8% of AIB and left marginal circumflex artery (LMg) lesions. Two access routes were used: for single AIB lesions an 8 cm anterior minimal thoracotomy was performed in the fourth left intercostal space. For associated AIB/Dg lesions a 10 to 12 cm median longitudinal incision was used, with total section of the sternum and removal of 5 to 6 cm of the borders. Intravenous beta-blockers and vasodilators were used, and for anastomoses, proximal tourniquets were used in all of the cases, in addition to CO2 to maintain the surgery field bloodless. In the last 82 patients a suture mechanical stabilizer was used for the regional reduction of heart beats. In 22 (18.4%) patients, the left internal mammary artery (LIMA) was elongated using a saphenous vein segment, radial or epigastric arteries. For AIB and Dg revascularization an artificial Y was used from the LIMA with venous or arterial graft. A coronary cineangiography was carried out between postoperative days 1 and 3 in 84 (70%) patients, who were evaluated based on the following findings, according to their anastomosis status: Grade A - no obstruction; Grade B - obstruction > 50%; Grade C - occlusion. This evaluation was performed in 2 different periods: in the first period, without a suture stabilizer and in the second period with a stabilizer. Results: Coronary cineangiography showed the following anastomosis status: in the first period (38 anastomosis), Grade A - 79%, Grade B - 5.2% and Grade C - 15.8%. In the second period (62 anastomosis), Grade A - 90.4%, Grade B - 6.4% and Grade C - 3.2%. The thoracic or mediastinal drains were removed in up to 33.1 h, mean 22.4 hs. There were 6.4% of reoperations, of which 3.2% were related to anastomosis, 2.4% of early and 0.8% reoperations and 3.2 were not related to anastomosis, 2.4% early and 0.8% late reoperations. In 99.2% of the cases there were no ischemic complications in the early postoperative and 118 (98.4%) were discharged. Of these patients, 115 (95.8%) were discharged after 2 to 9 days, mean 4.6 ± 1.8 days and 3 (2.4%) patients had prolonged hospitalization periods due to pulmonary infection. Overall morbidity was 14.2% of which 4.0% was wound infection; 3.2% pulmonary atelectasia; 3.2% subcutaneous emphysema; 2.4% bleeding and 2.4% bronchopneumonia. Conclusions: Minimally invasive coronary artery bypass graft has shown to be a good alternative for some groups of patients. It showed better esthetics and faster postoperative recovery. The anastomosis results were better when a suture mechanical stabilizer was used.