Este artigo é parte de um estudo etnográfico de dois anos, em que foram estudados os movimentos enunciativos da ciência em um laboratório de Química do Ensino Médio no Colégio São José, São Leopoldo, RS. O intuito principal é apresentar uma microanálise de eventos de laboratório, visando contribuir para o entendimento de como é produzida a idéia de "natureza" das coisas em jogos de convencimento, contatos e relações. Para a costura teórica dos dados observados foi utilizado, em especial, o conceito de articulação, segundo a ótica dos Estudos Culturais da Ciência e tendo como foco duas questões adjuvantes: como os atuantes se estabelecem e se reconhecem dentro de um laboratório didático de ciências? E como, no laboratório, articula-se um conjunto de enunciados que lhe é particular e, por assim dizer, "natural"? O estudo, embora, preliminar, permitiu lançar alguns olhares acerca da atividade prática do laboratório escolar e especular um discurso de superação do entendimento daqueles eventos como meramente reprodutores de ideologias e de conhecimentos tácitos da uma ciência exógena.
This article is part of a two-year ethnographic study, in which the science instruction in a secondary education chemistry laboratory was studied in "Colégio São José", São Leopoldo, State of Rio Grande do Sul. The main purpose of this text is to show a microanalysis of laboratory events, aiming to contribute to the understanding of how the persuasion games, contacts and relations create the idea of a "nature" of things. In order to link the observed data theoretically, the articulation concept was used, according to the Cultural Studies of Science, focusing on two questions: How the activities are established and recognized in a science teaching laboratory? And how a proper and "natural" set of instructions are articulated in the laboratory? The study, although preliminary, enabled us to shed some light on practical activity in the school laboratory and to suggest a discourse for overcoming the understanding of those events as merely reproducers of ideologies and tacit knowledge of external science.