O artigo discute as possibilidades de reorientação do processo de trabalho na atenção básica à luz dos pressupostos da vigilância da saúde. Além disso, apresenta alguns conceitos-chave que podem ajudar a operacionalizar um sistema de vigilância em saúde no nível local. Entre eles, aborda a noção de território enquanto local privilegiado de atuação da atenção básica. Aponta ainda para o valor heurístico da integração de saberes e práticas das diversas áreas de conhecimento no campo da saúde, no sentido de garantir uma visão mais abrangente sobre os problemas e necessidades de saúde e a integralidade da atenção. Por fim, analisa as contribuições das vigilâncias epidemiológica, ambiental e sanitária na consolidação de um sistema de vigilância em saúde que, por sua vez, não se restringe à simples integração desses três campos de atuação. Ações integradas das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental podem favorecer a atuação sobre os riscos, tornando possível respostas inovadoras e mais efetivas às necessidades que emergem no âmbito da saúde. Ademais, serve como experiência para a equipe local no desenvolvimento de ações intersetoriais, cuja importância, ainda que reconhecida no nível discursivo, tem se concretizado muito pouco no âmbito das práticas.
This paper discusses the possibilities of re-orienting work processes at the primary care level in the light of the concepts and pre-suppositions of the health surveillance system. In addition, it presents some key concepts that could help putting into operation a health surveillance system at the local level. One of these concepts is the idea of the territory as a privileged space of primary care, helping to define and identify health needs. The study further emphasizes the heuristic value of integrating knowledge and practices in the various fields of health care so as to ensure a broader vision of problems and comprehensive health care. Finally, it analyzes the contributions from epidemiological, environmental, and health surveillance for consolidating health surveillance into a system not only imited to these three areas of action. Integrated actions of epidemiological, sanitary, and environmental surveillance can favor risk management and allow for innovative and more effective answers to the demands emerging from the health area. In addition, the local teams can acquire practical experience in internal and inter-sectorial actions which, though their importance is recognized in theory, were rarely put into practice.