Resumo O presente artigo objetiva problematizar elementos que caracterizam o cotidiano de territórios quilombolas localizados em Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste brasileiro. Parte-se da perspectiva de que as comunidades quilombolas representam espaços significativamente estigmatizados, nos quais os sujeitos aquilombados são vítimas de toda a sorte de manifestações de racismo e preconceito, em um arranjo de coisas no qual o Estado não consegue empreender, de modo efetivo, estratégias e políticas públicas que amparem as comunidades quilombolas e as pessoas que nelas residem. Como subterfúgio metodológico, a presente pesquisa valeu-se de uma abordagem qualitativa e crítica, na qual foram realizadas entrevistas e processos de observação participante em sete comunidades quilombolas localizadas em diferentes municípios de Mato Grosso do Sul. Em suma, percebeu-se que os territórios quilombolas são permeados por um cotidiano deveras dual: de um lado, tem-se uma realidade de isolamento e precariedade da vida; de outro, percebe-se um contexto de otimismo por parte dos quilombolas, que empreendem táticas de empoderamento, tentam valorizar a história e cultura do território, além do desejo de desenvolver atividades que dinamizem as comunidades. Sem pretender esgotar a temática, o presente artigo encerra-se conclamando para que as comunidades quilombolas sejam consideradas espaços potenciais e viáveis para a manifestação de formas de vida e de existência que rompem com a lógica homogeneizante e eurocêntrica.
Abstract This article aims to problematize elements that characterize the everyday life of quilombola territories located in the State of Mato Grosso do Sul, in the Brazilian Midwest. In summary, we start from the perspective that quilombola communities represent significantly stigmatized spaces, in which the subjects who reside in them are victims of manifestations of racism and prejudice, in such a way that the State apparatus is unable to undertake strategies and public policies that support quilombola communities and the people who live in them. As a methodological subterfuge, this research used a qualitative and critical approach, in which interviews and participant observation processes were carried out in seven quilombola communities located in different municipalities in the State of Mato Grosso do Sul, Brazil. We noticed that quilombola territories are permeated by a very dual daily life: on the one hand, there is a reality of isolation and precariousness in life; on the other hand, there is a context of optimism by the quilombola communities, who undertake empowerment tactics, trying to value the history and culture of the territory, in addition to the desire to develop activities that make communities more dynamic. Without intending to exhaust the theme, this article ends by calling for quilombola communities to be considered potential and viable spaces for the manifestation of forms of life and existence that break with the homogenizing and Eurocentric logic.
Resumen Este artículo tiene como objetivo problematizar elementos que caracterizan la vida cotidiana de los territorios quilombolas ubicados en Mato Grosso do Sul, en el Centro-Oeste brasileño. En resumen, partimos de la perspectiva de que las comunidades quilombolas representan espacios significativamente estigmatizados, en los cuales los sujetos son víctimas de manifestaciones de racismo y prejuicio, de tal manera que el Estado no es capaz de emprender políticas públicas y estrategias efectivas que apoyen a las comunidades y a las personas de los territorios. Como subterfugio metodológico, esta investigación utilizó un enfoque cualitativo y crítico, en el que se llevaron a cabo entrevistas y procesos de observación participante en siete comunidades quilombolas ubicadas en diferentes municipios de Mato Grosso do Sul, Brasil. En síntesis, se notó que los territorios quilombolas están impregnados de una vida diaria muy dual: por un lado, existe una realidad de aislamiento y precariedad en la vida; por otro lado, existe un contexto de optimismo por parte de los quilombolas, quienes emprenden tácticas de empoderamiento, tratando de valorar la historia y la cultura del territorio, además del deseo de desarrollar actividades que hagan que las comunidades sean más dinámicas. Sin pretender agotar el tema, este artículo termina llamando a las comunidades quilombolas a ser consideradas espacios potenciales y viables para la manifestación de formas de vida y existencia que rompan con la lógica homogenizante y eurocéntrica.