O artigo avalia a disciplina dos partidos políticos no poder Legislativo brasileiro e o apoio que proporcionam ao governo, sob uma perspectiva bicameral. Busco dois objetivos principais. O primeiro é o de incluir o Senado na discussão sobre o relacionamento entre o poder Executivo e o poder Legislativo no país, comparando-o com a Câmara dos Deputados. Em segundo lugar, procuro avaliar os partidos individualmente, levando em consideração as suas características peculiares, que não são inerentes ao sistema partidário. A análise foi feita a partir das votações nominais realizadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal no período de 1989 a 2008, comparando o comportamento dos partidos entre si e com eles mesmos, ao longo do tempo. A abordagem cross-section e longitudinal permitiu observar resultados até então não identificados pela literatura que trata do relacionamento entre o poder Executivo e o poder Legislativo no país. Apesar de reforçar a corrente da literatura que afirma serem os partidos coesos, disciplinados e previsíveis, argumento que eles diferem substancialmente entre si, seja em suas estratégias, seja em sua forma de articulação. Dada a elevada fragmentação e as características peculiares de cada um dos partidos, não parece apropriado falar-se em atributos sistêmicos, que se estendam para todos eles; menos ainda quando se leva em consideração as duas casas legislativas.
This article evaluates political party discipline within the Brazilian legislature and the support that is provided to the government, from the perspective of a bi (dual) chamber system. I have two major objectives.The first one involves including the Senate in discussion of the relationship between Executive and Legislative powers in Brazil, comparing it to the House of Representatives. In the second place, I seek to evaluate parties individually, taking their particular characteristics into consideration rather than regarding them as inherent to the political party system. My analysis has focused on the nominal voting carried out in the House of Representatives and the Federal Senate, in the period ranging from 1989 to 2008, comparing the behavior of one party to another as well as to itself, over time. A cross sectional and longitudinal approach enables us to observe results that were previously unidentified within the literature that deals with the relationship between the nation's Executive and Legislative powers. It also reinforces the argument that parties are cohesive, disciplined and predictable, yet are substantially different from one another in strategies and in terms of the type of relationships that they weave. Given the high level of fragmentation and the peculiar traits of each party, it does not seem appropriate to speak of systemic attributes that can be extended to all of them, and even less so when both seats of power are considered.
L'article évalue la discipline des partis politiques dans le pouvoir Législatif brésilien, et le support qu'ils fournissent au gouvernement, sous une perspective bicamérale. J'ai deux objectifs principaux. Le premier c'est d'inclure le Sénat dans la discussion sur la relation entre le pouvoir Exécutif et le pouvor Législatif dans le pays, en la comparant à la Chambre des Députés. Deuxièmement, je cherche à évaluer les partis individuellement, en considérant leurs caractéristiques particulières et non pas comme étant inhérentes au système partidaire. L'analyse a été faite à partir des votations nominales réalisées dans la Chambre des Députés et dans le Sénat Fédéral entre 1989 et 2008, en comparant le comportement des partis entre eux et par rapport à eux mêmes, au fil du temps. L'approche cross-section et longitudinale a permis d'observer des résultats jusque-là non identifiés par la littérature qui traite de la relation entre le pouvoir Exécutif et le pouvoir Législatif dans le pays. Malgré le renforcement du domaine de la littérature qui affirme que les partis sont unis, disciplinés et prévisibles, j'argumente qu'ils diffèrent essentiellement entre eux, soit par rapport à leurs stratégies, soit par rapport à leurs formes d'articulation. Etant donnée la forte fragmentation et les caractéristiques particulières de chaque parti, il ne semble pas approprié de parler d'attributs systémiques, qui s'étendent à tous; encore moins quand on prend en considération les deux maisons administratives.