Resumo A partir da análise do Quebra Bondes, protesto ocorrido em 4 de outubro de 1930 contra as companhias Linha Circular e Energia Elétrica, firmas encarregadas dos bondes, elevadores, planos inclinados, eletricidade e telefonia de Salvador, o artigo questiona a costumeira representação da elite baiana de placidez social ou controle da população durante o processo “mudancista” - “outubrista” - em 1930. Nossa intenção estratégica é integrar a pesquisa sobre a Bahia na macronarrativa histórica com termos distantes das perspectivas que a enquadram como um lugar atrasado ou marginal no processo político brasileiro. Para nós, a Bahia aparece muito e desde o começo da Revolução de 30. Legalista no início, o estado aderiu aos vitoriosos (sem resistir). Neste artigo, a Bahia, contudo, não é vira-casaca: é, antes, lugar atravessado pela possibilidade da ação popular direta, pela presença de sertanejos armados por seus patrões, pela conspiração civil e militar e, por fim, pelas forças oligárquicas aliadas a São Paulo. Em particular, o artigo aponta para a força popular no enfrentamento de obstáculos reais, tanto as hierarquias sociais quanto as distâncias existentes entre os pontos da cidade onde agiram os insurgentes. Examina como o quebra-quebra foi percebido em termos raciais e não teve sua paternidade reivindicada por nenhuma força operante no movimento revolucionário, talvez porque tenha projetado sobre a antiga capital do Brasil a caraça de malvadezas do bicho-papão da horda negra.
Abstract Based on the analysis of a streetcar riot that took place on October 4, 1930 against the Companhia Linha Circular ande Energia Elétrica, both firms in charge of trams, elevators, inclined planes, electricity and telephony in Salvador, the article examines the usual representation of the Bahian elite of social placidity or control over the population during the October Revolution of 1930. Our strategic intention is to integrate the research on Bahia into macro historical account in terms that differ from the perspectives that frame it as a backward or marginal place in the Brazilian political process. For us, Bahia appears a lot and since the beginning of the revolution. Legalist in the beginning, the state has joined the victorial rebels without resisting. In this article, Bahia, however, is not a turncoat: it is rather a place fractured by the possibility of direct popular action, by the presence of men armed by their bosses, by the civil and military conspiracy and, finally, by the oligarchic forces allied to São Paulo. In particular, the article points to the popular force facing real obstacles, either the social hierarchies or the existing distances between the areas the city where the insurgents acted. It examines how the riot was perceived in racial terms and why its authorship was not claimed by any operating force in the revolutionary movement.
Resumen A partir del análisis del “rompe-tranvías”, protesta que tuvo lugar el 4 de octubre de 1930 contra las compañías Linha Circular e Energia Elétrica, empresas encargadas de los tranvías, ascensores, planos inclinados, electricidad y telefonía en Salvador, el artículo cuestiona la representación habitual de la placidez social o el control de la población durante el proceso revolucionario en 1930. Nuestra intención estratégica es integrar la investigación sobre Bahía en la macronarrativa histórica en términos muy alejados de las perspectivas que la enmarcan como un lugar atrasado o marginal en el proceso político brasileño. Para nosotros, Bahía aparece mucho y desde el comienzo de la Revolución de 1930. Legalista al principio, se ha unido a los rebeldes vencedores sin resistir. En este artículo, Bahia no es un traidor: es más bien un lugar atravesado por la posibilidad de la acción popular directa, por la presencia de peones armados por sus jefes, por la conspiración civil y militar y, finalmente, por las fuerzas oligárquicas aliadas a São Paulo. En particular, el artículo señala la fuerza popular para enfrentar los obstáculos reales, tanto las jerarquías sociales como las distancias existentes entre los puntos de la ciudad donde actuaron los insurgentes. Examina cómo se percibía el motín en términos raciales sin su paternidad reclamada por fuerza revolucionaria ninguna.