OBJETIVO: Definir melhor o efeito da técnica laser in situ keratomileusis (LASIK) em olhos míopes, o risco e a incidência de complicações retinianas após a cirurgia. Este estudo foi realizado no Instituto de Olhos de Goiânia. MÉTODOS: Em um estudo prospectivo, 200 olhos de 100 pacientes, 50 homens e 50 mulheres, com idade média de 26,5 anos, foram submetidos ao exame completo do pólo posterior, antes e após 1 semana, 1, 3 e 12 meses do LASIK bilateral simultâneo para a correção de miopia. A média do equivalente esférico foi 7,75D (variando entre -1,00 a 17,25D). Tratamento profilático foi realizado em lesões predisponentes a complicações retinianas, com fotocoagulação a laser, antes do LASIK. RESULTADOS: Antes da cirurgia, as características oftalmoscópicas foram: 86 olhos (43%) não apresentavam nenhuma anormalidade periférica; 49 olhos (24,5%) apresentavam degeneração em paliçada; 18 olhos (9%), branco sem pressão; 5 olhos (2,5%), branco com pressão; 33 (16,5%), degeneração orocoroidal; 6 (3%), degeneração pavimentosa; 45 (22,5%,) descolamento de vítreo posterior; 20 (10%), tração vítreo-retiniana; e 12 (6%), buracos retinianos. Comparando a incidência de características oftalmoscópicas antes e um ano após a cirurgia, não houve diferença estatisticamente significativa (p>0.05). CONCLUSÃO: Embora condições patológicas da retina tenham sido descritas como complicações após o LASIK, nossos dados não revelaram uma relação de causa-efeito entre o procedimento para correção do erro refrativo e complicações retinianas. As alterações retinianas encontradas após o LASIK, nesta série de pacientes, parecem refletir a predisposição natural dos míopes. Paciente e cirurgião devem estar atentos aos riscos de complicações relacionadas aos olhos míopes, que persistem mesmo após o LASIK.
PURPOSE: To better define the effect of laser in situ keratomileusis (LASIK) on myopic eyes and the risk and incidence of retinal complications after surgery. METHODS: In a prospective study, 200 eyes of 100 patients, 49 male and 51 female, with a mean age of 29.7 years, had a complete posterior pole examination before and at 1 week, 1, 3 and 12 months after bilateral simultaneous LASIK for the correction of myopia. Mean spherical equivalent was 7.75D (range 1.00 to -17.25D). Before LASIK, preventive treatment was carried out on predisposing lesions to retinal complications, with laser photocoagulation. RE: Before surgery, the ophthalmic features were: 86 eyes (43%) presented no peripheral abnormalities; 49 eyes (24.5%) had lattice degeneration; 18 eyes (9%), white without pressure; 5 eyes (2.5%), white with pressure; 33 (16.5%), oral chorioretinal degenerations; 6 (3%), paving stone; 45 (22.5%,) posterior vitreous detachment; 20 (10%), retinal vitreous traction; and 12 (6%), round holes. Comparing the incidence of ophthalmic features before and at one year after surgery, there was not a statistical significant difference (P>0.05). CONCLUSION: Although retinal pathologic conditions have been described as complications after LASIK, our data did not reveal a cause-effect relationship between the refractive error corrective procedure and retinal complications. The retinal changes found after LASIK in this series of patients, appear to reflect the predisposition of myopes. Both patient and doctor should be aware that, even after the refractive error correction, the risk of complications related to the myopic eye would persist.