RESUMO Introdução: Apesar da importância de novas descobertas em patofisiologia das doenças cardiovasculares para a saúde da população, ainda existe pouco conhecimento sobre como a hipóxia neonatal, relacionada ou não com a prematuridade, pode causar lesão celular nos cardiomiócitos no período perinatal e quais são as consequências para a vida adulta. Objetivo: Analisar a imunoexpressão tecidual de biomarcadores envolvidos no processo de morte e crescimento celular em miocárdio de recém-nascidos hipoxemiados. Método: Amostras de miocárdio humano (ventrículo esquerdo), provenientes de necrópsias de neonatos hipoxemiados, foram organizadas em blocos multiamostrais e submetidas a reações imuno-histoquímicas pela técnica da imunoperoxidase. Os anticorpos primários utilizados foram antilinfoma de células B tipo 2 (Bcl2), antiproteína X associada ao Bcl2 (BAX), antimitofusina 2 (Mfn2), antiproteína 1 relacionada com o receptor ao fator de necrose tumoral (TRAP1), antiangiotensina II, antiproteína quinase 1 (Akt1), antiproteína quinase 2 (Akt2) e antiproteína quinase 3 (Akt3). Os dados de imunoexpressão tecidual foram correlacionados com os dados clínicos (gênero, peso, idade gestacional, índice de Apgar do primeiro e quinto minuto, pH do sangue arterial e sobrevida) e anatomopatológicos (causa da morte e doença de base). Resultados: A média de imunoexpressão tecidual do BAX foi 25,61%; do TRAP1, 7,86%; da angiotensina II, 1,24%; do Akt2, 16,35%; e do Akt3, 20,61%. Os biomarcadores Akt1, Mfn2 e Bcl2 apresentaram imunoexpressão tecidual muito baixa ou ausente na maioria dos casos deste estudo. Não houve correlação da média de imunoexpressão tecidual dos biomarcadores com o tempo de sobrevida ou outro fator clínico ou anatomopatológico estudado. Conclusão: Esses dados parecem fortalecer a ação coordenada de biomarcadores pró e antiapoptóticos e de crescimento celular em miocárdio de recém-nascidos hipoxemiados a fim de determinar o grau de lesão ou morte celular e a capacidade de recuperação tecidual.
ABSTRACT Introduction: Despite the importance of cardiovascular diseases to population health, there is limited knowledge about how neonatal hypoxia, related or not with prematurity, may cause cell injury to cardiomyocytes in the neonatal period and what the consequences to adult life are. Objective: To analyze the tissue immunostaining of biomarkers involved in the process of cell death and growth in the myocardium of hypoxic newborns. Method: Human myocardium samples (left ventricle) from necropsies of hypoxic newborns were organized in multi-sample blocks and submitted to immunohistochemical reactions by the immunoperoxidase technique. The primary antibodies used were anti-B-cell lymphoma 2 (Bcl2)-associated X protein (BAX), anti-mitofusin-2 (Mfn2), anti-tumor necrosis factor receptor-associated protein 1 (TRAP1), anti-Bcl2, anti-angiotensin II, anti-serine/threonine (Akt) 1, anti-Akt2 and anti-Akt3. Tissue immunostaining data were correlated with clinical data (gender, weight, gestational age, first-minute and fifth-minute Apgar score, arterial blood pH and survival time) and pathological data (death cause and primary disease). Results: The average tissue immunostaining of BAX was 25.61%; TRAP1 was 7.86%, angiotensin II was 1.24%, Akt2 was 16.35% and Akt3 was 20.61%. The biomarkers Akt1, Mfn2 and Bcl2 presented very low or absent tissue immunostaining in most cases of this study. There was no correlation between the average biomarker tissue immunostaining and the survival time or any other clinical or pathological factor studied. Conclusion: These data seem to strengthen the coordinated action of the pro-apoptotic, anti-apoptotic and cell growth biomarkers in the myocardium of hypoxic newborns in order to determine the degree of lesion or cell death and the tissue recovery capacity.