CONTEXTO E OBJETIVO: A prevalência e os fatores correlatos de desordens sexuais masculinas como disfunção erétil e ejaculação precoce têm sido estudados em muitos países, entretanto, bem menos investigações se ocuparam especificamente dos problemas sexuais femininos. Além disso, relativamente pouco se sabe sobre a freqüência usual da atividade sexual e sobre como indivíduos mais velhos tentam lidar com seus problemas sexuais. O objetivo deste estudo foi estudar a atividade sexual, a prevalência de problemas sexuais e os comportamentos de busca de ajuda relacionados a esses problemas, entre homens e mulheres de meia-idade e mais velhos no Brasil. TIPO DE ESTUDO: Inquérito populacional realizado pela Faculdade Oswaldo Cruz. Pesquisa por telefone (discagem aleatória) conduzida no Brasil em 2001 e 2002. MÉTODOS: As entrevistas foram baseadas num questionário padronizado, incluindo informações demográficas, saúde em geral, e comportamentos, atitudes e crenças sexuais. Um total de 1.199 indivíduos no Brasil (471 homens e 728 mulheres) de 40 a 80 anos completou o inquérito. RESULTADOS: Ao todo, 92,6% dos homens e 58,3% das mulheres referiram alguma atividade sexual no ano que precedeu a entrevista, e mais da metade dos homens e mulheres reportaram atividade sexual mais de uma vez uma semana. Ejaculação precoce (30,3%) foi o problema sexual masculino mais comum, seguido por incapacidade de alcançar o orgasmo (14,0%), dificuldades de ereção (13,1%) e falta de interesse sexual (11,2%). Os problemas sexuais relatados mais freqüentemente por mulheres foram dificuldades de lubrificação (23,4%) e falta de interesse sexual (22,7%). Depressão foi correlacionada significativamente com problemas sexuais nos homens e nas mulheres. Mais mulheres do que homens tinham procurado a ajuda de um profissional de saúde para seu problema(s) sexual(is). CONCLUSÕES: Os achados do GSSAB destacam a importância de encorajar o maior uso dos serviços de saúde disponíveis, incluindo consultas médicas sobre queixas ligadas à saúde sexual. Isso deverá não somente possibilitar que homens e mulheres mantenham uma função sexual satisfatória até idades mais avançadas, mas também poderá resultar numa melhora geral da qualidade da assistência à saúde.
CONTEXT AND OBJECTIVE: Relatively little is known about the usual frequency of sexual activity and how older individuals cope with sexual problems. The objective was to study sexual activity, prevalence of sexual problems and related help-seeking behaviors among middle-aged and older men and women in Brazil. DESIGN AND SETTING: Population survey, by Fundação Oswaldo Cruz. METHODS: Interviews were held with 1,199 Brazilians aged 40-80 years (471 men and 728 women). The standardized questionnaire investigated demographics, general health, sexual behavior, attitudes and beliefs. RESULTS: Overall, 92.6% of men and 58.3% of women had had sexual intercourse during the preceding year. More than half of the men and women had done so more than once a week. Early ejaculation (30.3%) was the commonest male sexual problem, followed by inability to reach orgasm (14.0%), erectile difficulties (13.1%) and lack of sexual interest (11.2%). For women, the commonest sexual problems were lubrication difficulties (23.4%) and lack of sexual interest (22.7%). Depression was a significant correlate of sexual problems, for men and women. More women than men had sought help for sexual problem(s) from a healthcare professional. CONCLUSIONS: The findings highlight the importance of encouraging greater use of available healthcare services, including consultation with a medical doctor regarding sexual health. This should not only enable men and women to maintain satisfactory sexual function well into their later years, but may also result in overall improvement in the quality of healthcare.