RESUMO O artigo analisa a tela Fundação de São Paulo, feita por Oscar Pereira da Silva, em 1907, sob a perspectiva da sua relação com o Museu Paulista, local em que foi exposta desde 1929. Tomando a tela como um enunciado, pretende-se situá-la em seus contextos, evidenciando as suas ressignificações, advindas das múltiplas percepções em relação ao que seu conteúdo imagético afirmava. Ao explorar a relação entre a tela e o Museu Paulista, será demonstrado que o objetivo de Oscar Pereira da Silva era representar o ato embrionário da cidade e dos paulistas e transformar a sua obra em um documento significativo da narrativa histórica. Porém, a difícil inserção da tela na narrativa do Museu Paulista fez com que essa conquista fosse repleta de tensões. Ao analisar momentos importantes na trajetória da tela, como a sua inserção na Pinacoteca do Estado, a sua transferência para o Museu Paulista, a sua apropriação nos vitrais da Faculdade de Direito e nos materiais das comemorações do IV Centenário de São Paulo, será demonstrado que o transcurso do tempo associado à sua musealização renovou e notabilizou sua apropriação social, possibilitando a sua integração ao imaginário paulistano e paulista.
ABSTRACT The article analyzes the painting Fundação de São Paulo, did by Oscar Pereira da Silva in 1907, from the perspective of its relationship with the Museu Paulista, where it is on exhibition since 1929. Taking the painting as a statement, the intention is to situate it within its contexts, highlighting its re-significations, which arise from the multiple perceptions regarding what was affirmed by its image content. By exploring the relationship between the painting and the Museu Paulista, it will be demonstrated that Oscar Pereira da Silva’s objective was to represent the embryonic act of the city and of the Paulistas and transform his work into a significant historical narrative document. However, the difficult insertion of the painting in Museu Paulista’s narrative made this achievement full of tensions. By analyzing important moments in the painting story, such as the addition to the Pinacoteca de São Paulo’s collection, the transfer to Museu Paulista, its appropriation by the Faculty of Law’s stained glass windows and by the materials commemorating the IV Centenary of São Paulo, this paper will demonstrate that the passage of time associated with its musealization renewed and evidenced its social appropriation, enabling its integration into the imagery both of the city and of the state of São Paulo.