resumo Este artigo é resultado da observação recente da cena literária dos saraus e slams de poesia na cidade de São Paulo. Organizados e frequentados especialmente por jovens de classes economicamente menos privilegiadas de regiões pobres e periféricas da cidade, saraus literários e slams de poesia sugerem interessantes questões de natureza política, ética e estética. Defendo que esses eventos em que predomina a performance de poesia são potencialmente revolucionários não apenas pelas mensagens de contestação e ameaça que muitos textos, flagrantemente inspirados pela cultura hip-hop, veiculam, mas, sobretudo, pelo modo como eles são apresentados e pela rede de sociabilidade "marginal" que eles ajudam a estabelecer. Atrelados ao movimento maior de fortalecimento das vozes subalternas na sociedade brasileira, slams e saraus têm contribuído para a construção de discursos contra-hegemônicos que potencialmente desestabilizam representações sociais cristalizadas. Ao mesmo tempo, desafiam noções amplamente aceitas sobre o que é literatura, como ela é produzida e difundida.
abstract This article is the result of recent observations of the marginal literary scene of São Paulo. Interesting political, ethical and aesthetic issues arise from the study of literary salons and poetry slams organized and attended especially by economically underprivileged young people in peripheral, poor areas of the city. I argue that these events, in which poetry is performed, are potentially revolutionary not only because of the messages of social revolt and political menace conveyed by texts which are greatly influenced by hip-hop culture, but also for the way they are performed as well as the alternative social networks these events help to establish. Linked to the broader process of empowering subaltern voices in Brazilian society, slams and literary salons in poor areas are contributing to the creation of counter-hegemonic discourses that may deconstruct crystallized social representations. At the same time, they may challenge widely accepted ideas about what literature is, and how it is produced and delivered.
resumen Este artículo resulta de una reciente observación de la escena literaria marginal de São Paulo. Organizada y frecuentada sobre todo por los jóvenes de las clases menos favorecidas de las zonas periféricas y pobres de la ciudad, los saraus y slams que conforman esta escena plantean interesantes preguntas de naturaleza política, ética y estética. Sostengo que esos eventos en los cuales la poesía es presentada en vivo son potencialmente revolucionarios no sólo por los mensajes de revuelta social e intimidación política expresados por unos textos principalmente influenciados por el hip hop, sino también por el modo en que son ejecutados y por la red social alternativa que los eventos ayudan a establecer. Parte del proceso más amplio de empoderamiento de las voces subalternas en la sociedad brasileña, los slams y los saraus literarios en zonas pobres contribuyen a generar discursos contra-hegemónicos que pueden desestabilizar las representaciones sociales cristalizadas. Al mismo tiempo, pueden cuestionar ideas ampliamente aceptadas sobre lo que es la literatura, cómo es producida y distribuida.