RESUMO Micoinseticidas e micoacaricidas podem ser definidos como produtos à base de propágulos vivos de fungos entomopatogênicos visando o controle de insetos e ácaros por meio de aplicações inundativas ou inoculativas. A partir de dados recentemente publicados sobre o uso de fungos entomopatogênicos em escala global e proposta para padronização dos diversos tipos de formulações, o presente trabalho tem dois objetivos principais: 1) analisar o “estado da arte” dos micopesticidas (micoinseticidas e micoacaricidas) brasileiros em relação aos produtos já desenvolvidos em escala global e, 2) enquadrar os produtos nacionais à base de fungos entomopatogênicos nesta nova classificação. No ano de 2007, 40 produtos encontravam-se disponíveis no mercado brasileiro e, aproximadamente, 19 empresas em funcionamento. A maioria dos micopesticidas brasileiros não tem registro; 2,5% dos produtos são comercializados na forma de material técnico (conídios puros), 72,5% correspondem aos concentrados técnicos (substratos líquidos ou sólidos colonizados por fungos) e apenas 25% são, de fato, formulações, todas elas do tipo dispersão oleosa. Situação oposta ocorre nos países industrializados, onde se sobressaem os produtos formulados e registrados. No Brasil, a eficiência de controle alcançada com micopesticidas nem sempre tem correspondido às expectativas dos usuários, e a inconsistência dos resultados de campo tem dificultado a maior adoção de tais produtos. No Brasil, embora os avanços tecnológicos após 40 anos de pesquisa tenham sido menores que o esperado, há expectativa de crescente adoção dos fungos entomopatogênicos em razão de nichos de mercado emergentes.
ABSTRACT Mycoinsecticides and mycoacaricides can be defined as biopesticide products based on living propagules of entomopathogenic fungi developed for inundative and inoculative biological control of insects and mites. Based on recently published data on global use of entomopathogenic fungi and a proposal for standardizing the definitions of mycopesticide formulations, the present work had two main objectives: 1) to analyze the state of the art of Brazilian mycopesticides (mycoinsecticides and mycoacaricides) compared to products already developed worldwide and, 2) fit Brazilian products based on entomopathogenic fungi into this new classification. In 2007, 40 products were available in the Brazilian market and, approximately, 19 companies under operation. Most Brazilian mycopesticides are not registered; 2.5% of the products are commercialized as technical material (conidial powders), 72.5% correspond to technical concentrates (liquid or solid fungus-colonized substrates) and only 25% are, indeed, formulations, all of them oil dispersions. The opposite situation takes place in industrialized countries, in which registered and formulated products are more common. In Brazil, usually the control efficiency delivered by mycopesticides has not been able to meet user’s expectations on a regular basis, and inconsistency in field trials from site to site and year to year has imposed limitations for a broader adoption of mycopesticides. In Brazil, although technological advances following 40 years of research were lower than expected, there is an expectation of increasing demand for entomopathogenic fungi due to emergent market niches.