RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Dor crônica é o principal motivo para consultas de profissionais de saúde e tem sido considerada como um problema de saúde pública. Vários pacientes com dor crônica devem desenvolver o predomínio de sensibilização central. Pacientes com sensibilização central devem ser avaliados através do modelo biopsicossocial. O objetivo deste estudo foi avaliar o comprometimento físico e psicossocial de mulheres com dor crônica que apresentam predomínio de sensibilização central. MÉTODOS: Um estudo transversal foi conduzido com mulheres com dor crônica que apresentam predomínio de sensibilização central. Cinquenta e sete pacientes com dores musculoesqueléticas participaram da triagem. Mulheres com dor crônica de natureza neuropática e com dor localizada em mais de três locais, incluindo tronco, membro superior e inferior também foram incluídas. Sensibilização central foi definida pela classificação da dor baseada em seu mecanismo. Dezoito pacientes foram identificados e preencheram um questionário com características sócio-demográficas, intensidade de dor, funcionalidade, qualidade de vida, cinesiofobia e catastrofização. Foi realizada a análise estatística descritiva e a correlação entre as variáveis. RESULTADOS: Todos as participantes apresentavam dor sete vezes por semana e 88,9% foram classificadas como dor intensa. Foi observado elevado nível de catastrofização e cinesiofobia. Houve uma forte correlação entre catastrofização e cinesiofobia (Rho=0,864, p<0,01). O componente mental do questionário de qualidade de vida evidenciou moderada correlação com catastrofização (Rho=-0,611, p<0,01) e cinesiofobia (Rho=-0,646, p<0,01). Houve moderada correlação entre a intensidade de dor e a catastrofização (Rho=0,628, p<0,01) e cinesiofobia (Rho=0,581, p=0,01). Nenhuma correlação entre idade, componente físico da qualidade de vida, funcionalidade e duração da dor foi observada. CONCLUSÃO: A qualidade de vida e a intensidade da dor estiveram mais relacionadas com os fatores psicossociais do que a funcionalidade em mulheres com dor musculoesquelética crônica com predomínio de sensibilização central.
ABSTRACT BACKGROUND AND OBJECTIVES: Chronic pain is a major reason for visits to healthcare professionals and has been seen as a public health problem. Many patients with chronic pain may develop predominance of central sensitization. Patients with central sensitization must be assessed through biopsychosocial model. This study aimed at evaluating physical and psychosocial impairment in women with chronic pain with predominance of central sensitization. METHODS: A cross-sectional study was conducted in women with chronic musculoskeletal pain and central sensitization prevalence. Fifty-seven musculoskeletal pain patients were screened. Women with chronic, widespread and neuropathic pain and with pain in more than three sites, including trunk, upper and lower limbs were also included. Central sensitization was defined by mechanism-based pain classification. Eighteen patients were enrolled and completed questionnaires on sociodemographic characteristics, pain intensity, functionality, quality of life, kinesiophobia and catastrophizing. Descriptive statistics and correlation analyses were provided. RESULTS: All participants have pain seven days a week and 88.9% of them were classified as severe pain. It was observed high levels of catastrophizing and kinesiophobia. There was a strong correlation between catastrophizing and kinesiophobia (Rho=0.864, p<0.01). The mental component of quality of life questionnaire showed moderate negative correlation with catastrophizing (Rho=-0.611, p<0.01) and kinesiophobia (Rho=-0.646, p<0.01). There was a moderate correlation of pain intensity and catastrophizing (Rho=0.628, p<0.01) and kinesiophobia (Rho=0.581, p=0.01). No correlation was observed between age, physical component of quality of life questionnaire, functionality, and pain duration. CONCLUSION: Quality of life and pain intensity were more remarkably affected by psychosocial factors than functionality in women with chronic musculoskeletal pain with central sensitization predominance.