O empreendedor e sua importância para o desenvolvimento histórico das sociedades capitalistas ocidentais foram objeto de análise de diversas correntes clássicas das Ciências Sociais. Contudo, com o advento do neoliberalismo, o empreendedor passou a ser redesenhado, tornando-se componente central de um novo modo de vida, marcado pela caracterização do trabalhador como proativo e criativo, e, sobretudo, que assume riscos e autogerencia suas ações no trabalho e na vida pessoal. A figura do empreendedor deixou de ser identificada como de empresário-proprietário, passando a se valorizar o empresário-de-si. Ao procurar identificar os elementos centrais das práticas e dos discursos voltados ao empreendedorismo, destacando o papel da educação e do trabalho, temos como objetivo central debater o empreendedorismo como forma de americanismo contemporâneo. Avançaremos sobre o argumento de que a concepção de empresário-de-si seria uma forma neoliberal de viver e descreveremos as consequências da consolidação desse modo de vida para a classe trabalhadora.
The entrepreneur and their role in the historical development of Western capitalist societies has been the object of analysis of several classical methodologies of Social Sciences. With the advent of neoliberalism, however, the entrepreneur came to be reframed as a core component of a new way of life, marked by a worker that is proactive, creative, communicative, and, above all, takes risks and self-manages their actions at work and in their personal life. Since then, the figure of the entrepreneur is no longer identified with that of the owner-entrepreneur-owner, but rather with the entrepreneur of himself. By seeking to identify the core elements that make up the practices and discourses on entrepreneurship, especially the role of education and labor, our main goal is to introduce a discussion on entrepreneurship as a form of contemporary Americanism. To this end, we argue that the entrepreneur of the self would constitute a neoliberal way of living and describe the consequences of its consolidation for the working class.
L’entrepreneur et son rôle dans le développement historique de la société capitaliste occidentale a été l’objet d’analyse de plusieurs courants classiques des Sciences sociales. Avec l’avènement du néolibéralisme, cependant, l’entrepreneur a été recadré comme une composante essentielle d’un nouveau mode de vie, caractérisé par un travailleur proactif, créatif, communicatif et, surtout, qui prend des risques et autogère ses actions au travail et dans sa vie personnelle. Depuis lors, la figure de l’entrepreneur ne s’identifie plus à celle de l’entrepreneur-propriétaire, mais plutôt à celle de l’entrepreneur de soi. En cherchant à identifier les éléments fondamentaux qui constituent les pratiques et les discours sur l’entrepreneuriat, en particulier le rôle de l’éducation et du travail, notre objectif principal est d’introduire une discussion sur l’entrepreneuriat comme une forme d’américanisme contemporain. On soutient que l’entrepreneur de soi constitue un mode de vie néolibéral and on décrit les conséquences de sa consolidation pour la classe ouvrière.