Resumo Diante da toxicidade do mercúrio para o ser humano e para o meio ambiente, o objetivo deste trabalho foi avaliar a sua bioacumulação em 13 espécies de peixes com diferentes hábitos alimentares, capturados no reservatório de Três Marias, bacia do rio São Francisco, no período de março de 2012 a abril de 2013. Os resultados obtidos revelam que as espécies com hábito alimentar carnívoro apresentaram as maiores concentrações médias de mercúrio em músculo, com destaque para Serrasalmus brandtii (pirambeba) e Pygocentrus piraya (piranha), com concentrações de 0,4147 ± 0,2744 μg g-1 e 0,1774 ± 0,2980 μg g-1, respectivamente. Considerando as concentrações médias, todas as espécies estudadas apresentaram teores de mercúrio abaixo dos limites máximos de 0,5 μg g-1 em peixes não predadores e de 1,0 μg g-1 em peixes predadores, estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Levando em conta cada espécie, os valores mínimos e máximos de mercúrio nos tecidos muscular e hepático demonstraram uma ampla dispersão. Em 4% dos espécimes de pirambeba e 7% de piranha, os teores de mercúrio em músculo ultrapassaram o limite estabelecido pela ANVISA para peixes predadores, e, portanto, sendo impróprios para o consumo humano. As demais espécies não apresentaram amostras de músculo com teor de Hg acima do estabelecido em lei. Devido ao seu hábito alimentar carnívoro e sua ampla distribuição na bacia do rio São Francisco, Serrasalmus brandtii pode ser considerada como biomonitor, capaz de bioacumular mercúrio, indicando, assim, o nível de contaminação desse metal no ambiente aquático em que vive.
Abstract The objective of this work was to evaluate the bioaccumulation of mercury in 13 species of fish with different eating habits, captured in the Três Marias Reservoir, São Francisco Basin, from March 2012 to April 2013. The results obtained showed that the species with carnivorous eating habit presented the highest average concentrations of mercury in muscle, especially Serrasalmus brandtii (pirambeba) and Pygocentrus piraya (piranha), with concentrations of 0.4147 ± 0.2744 μg g-1 and 0.17774 ± 0.2980 μg g-1, respectively. Considering the average concentrations, all the species studied showed levels of mercury below the maximum limit of 0.5 μg g-1 in non-predatory fish and 1.0 μg g-1 in predatory fish, established by the Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Taking each species into account, the minimum and maximum values of mercury in the muscular and hepatic tissues showed a wide dispersion. In 4% of the specimens of pirambeba and 7% of piranha, the contents of mercury in muscle exceeded the limit established by ANVISA for predatory fish, and therefore, were unfit for human consumption. The other species did not present muscle samples with Hg content above that established by law. Due to its carnivorous eating habit and its wide distribution in the São Francisco Basin, Serrasalmus brandtii can be considered a biomonitor, capable of bioaccumulating mercury, thus indicating the level of contamination in the aquatic environment in which it lives.