O presente estudo teve como objetivo contribuir para o conhecimento sobre a interação parasita-vetor associada à infecção por Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909) em Panstrongylus megistus (Burmeister, 1835), importante vetor da doença de Chagas no Brasil. A prevalência e a intensidade da infecção por T. cruzi, a incidência de metaciclogênese e a frequência de fenótipos nucleares presentes em túbulos de Malpighi foram investigadas em ninfas de P. megistus criadas à temperatura de 28 °C e submetidas a choque térmico por 1 hora a 40 °C, dois dias após alimentação em camundongos infectados com T. cruzi II (linhagem Y). A análise realizada 45 dias pós-infecção revelou que tanto nos insetos submetidos ao choque térmico como nos respectivos controles a frequência de epimastigotos se apresentava muito maior do que a dos tripomastigotos; a prevalência da infecção não foi alterada pelo choque térmico. Menos epimastigotos e tripomastigotos foram encontrados nos insetos submetidos ao choque térmico, indicando que a multiplicação e a metaciclogênese dos parasitas possam ser afetadas com o estresse. Nos espécimes infectados, o choque térmico induziu aumento na frequência de núcleos com descompactação da heterocromatina, uma resposta de sobrevivência celular ao estresse, e não afetou a sobrevivência propriamente dita do inseto. Os efeitos da infecção e do choque térmico, especialmente sobre a multiplicação e a metaciclogênese de T. cruzi, e a resistência ao choque térmico desenvolvidos pelas ninfas de P. megistus são indicativos de que devam ser considerados quando se buscam condições adequadas de criação em laboratório de insetos infectados.
This study aimed to contribute to our knowledge of the parasite-vector interaction associated with Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909) infection in Panstrongylus megistus (Burmeister, 1835), an important vector of Chagas' disease in Brazil. The prevalence and intensity of T. cruzi infection, the incidence of metacyclogenesis and the frequency of nuclear phenotypes in Malpighian tubules were investigated in nymphs of P. megistus, reared at 28 °C and subjected to heat shock (40 °C, 1 hour) two days after infection with T. cruzi II (Y strain). Following the 45-day post-infection period, the frequency of epimastigotes was much higher than that of trypomastigotes in both heat-shocked and non-shocked insects, and the prevalence of infection was not altered by heat shock. Fewer epimastigotes and trypomastigotes were found in the infected insects subjected to the heat shock, indicating that the multiplication and metacyclogenesis of the parasites were affected by the stress. In infected specimens heat shock promoted an increased frequency of cell nuclei with heterochromatin decondensation, a cell survival response to stress, and did not affect insect survival. The effects of infection and heat shock, especially on the multiplication and metacyclogenesis of T. cruzi, and the observed resistance to heat shock developed by P. megistus nymphs are suggestive that they should be considered when adequate conditions for rearing these infected insects in the laboratory are pursued.