RESUMO: Tétano é caracterizado por elevada mortalidade em equinos. Estudos envolvendo séries de casos da doença provenientes de diferentes áreas geográficas possibilitam avaliar o prognóstico, eficácia do tratamento e ações de controle. Foram avaliados, retrospectivamente, os principais achados epidemiológicos (raça, idade, sexo, uso dos equinos, história de vacinação, sazonalidade, presença de lesões/histórico de procedimentos cirúrgicos e evolução dos casos) e aspectos clínicos (sinais clínicos, período de incubação, tempo de hospitalização e período entre início dos sinais e hospitalização) em 70 casos de tétano em equinos atendidos entre 1990 e 2015, com ênfase na associação entre os dados clínico-epidemiológicos e a evolução dos casos (mortalidade). Foi observada alta mortalidade (72,9%) nos equinos. Do total de equinos, 57,1% apresentavam lesões ou histórico de procedimentos cirúrgicos relacionados com tétano, representados principalmente por lesões em membros posteriores (42,5%), membros anteriores (15,0%), infecções umbilicais (7,1%), castração (4,3%) e lesões de face (4,3%). Hiperestesia, espasticidade dos membros, rigidez de pescoço, espasmos tetânicos e restrição aos movimentos de mandíbula foram os principais sinais clínicos observados. Apesar da ausência de significância estatística, todos os animais com presença de infecções umbilicais, lesões na face, decúbito prolongado, sudorese e disfagia/afagia evoluíram para óbito e, associado ao início dos sinais clínicos e a demora no atendimento (< 5 dias), foram considerados indicativos de prognóstico reservado. Em contraste, foi observada associação significante (p=0,001) entre a sobrevivência dos animais e o tempo de hospitalização maior que 7 dias, considerado uma indicação de bom prognóstico. A elevada mortalidade do tétano, mesmo em equinos tratados, enfatiza a necessidade do diagnóstico precoce, do rápido atendimento veterinário e adoção de medidas profiláticas nos criatórios.
ABSTRACT: Tetanus is characterized by high case fatality rates in horses. Comprehensive case series studies involving equine tetanus from different geographic areas enable the evaluation of prognosis, efficacy of treatment, and control measures. We retrospectively investigated some selected epidemiological data (breed, age, gender, use of the horses, history of vaccination, seasonality, presence of wound/history of surgical procedures, clinical outcomes) and main clinical aspects (clinical signs, incubation period, length of hospitalization, and period between onset signs and hospitalization) in 70 cases of equine tetanus over 1990-2015, with emphasis in the association between these data and the clinical outcomes. High mortality rate (72.9%) was observed in this study. Forty (57.1%) horses presented history of wounds or surgical procedures related with tetanus, represented mainly by lesions in the hind limbs (42.5%), front limbs (15.0%), umbilical infections (7.1%), castration (4.3%), and face wounds (4.3%). Hyperesthesia, limb spasticity, cervical stiffness, tetanic spasms, and restriction of jaw movement were the main consistent clinical signs. Besides no statistical association, all the horses with umbilical infections, wounds in face, prolonged recumbency, sweating, dysphagia/aphagia died, and together with delay between onset of first clinical signs and prompt veterinary assistance (< 5 days) were considered indicative of poor prognosis; whereas there was a significant association (p=0.001) between survival and length of hospitalization > 7 days, seemed as an evidence of good prognosis. The high mortality rate of tetanus, even in horses under specific treatment, highlight the need for early diagnosis, prompt veterinary assistance, and establishment of prophylatic measures in equine farms.