Resumo: O presente texto discute a filosofia tardia de Wittgenstein. Tentaremos estabelecer os seguintes pontos: (A) A filosofia tardia de Wittgenstein é vista por Morris Weitz como uma oportunidade de desenvolvimento de novas ideias na estética e na filosofia da arte, embora Wittgenstein não tenha feito esses desenvolvimentos. (B) A interpretação de Weitz sobre Wittgenstein dispara um debate sobre os aspectos definicionais concernentes aos campos mencionados. (C) Esse debate é, ainda hoje, vivo e continuado e um de seus protagonistas mais recentes é Noël Carroll. (D) A proposta metodológica de identificação de arte sem definições essenciais de Carroll é, em certo sentido, uma resposta relevante a outras abordagens no campo, especial a weitziana. (E) Porque a abordagem de Carroll evoca a identificação de arte como algo orientado pela linguagem, pela crítica e pela construção de narrativas, pelo contato com outros, etc., sua abordagem parece representar um retorno às ideias originais de Wittgenstein; especialmente à de crítica de arte como algo dependente da apreciação artística e de um “trabalho sobre si mesmo” - no sentido de que a apreciação artística requer um trabalho sobre nossa própria percepção e crença. Por fim, nossa hipótese é que esse retorno a Wittgenstein feito por Carroll evoca também a ideia de que a educação em arte é, consequentemente, um processo de revisitação das próprias percepções e crenças por meio de um encontro com a história da arte, da cultura, dos contextos concretos de uso da linguagem, etc.; coisas que representam uma instância de radical alteridade.
Abstract: The present text discusses Wittgenstein’s later works. We attempt to establish the following: (A) Wittgenstein’s later philosophy was first understood by Morris Weitz as an opportunity to develop new ideas on aesthetics and philosophy of art, although Wittgenstein himself haven’t made those developments. (B) Weitz’s interpretation of Wittgenstein jumpstarts a debate concerned with definitional aspects within these fields. (C) This debate is vividly ongoing and one of its most recent figures is Noël Carroll. (D) Carroll’s methodological account for art identification without essential definitions is a relevant response to other accounts within the field, especially to Weitz. (E) Because Carroll’s account evokes art identification as something oriented by language, critique and narrative making, contact with others, etc., his account seems to be a truly return to some of Wittgenstein original ideas; specially on art criticism as something entirely dependent of art appreciation and of learning to “work on oneself” - in the sense that art appreciation requires a work on one’s own perception and beliefs. Finally, it is our opinion that this return to Wittgenstein through Carroll’s account evokes the idea that art education is a process of revisiting one’s own perceptions and beliefs by means of an encounter with history of art, culture, concrete contexts of language usage, etc.; things that represent the instance of a radical otherness.