Os arcabouços teórico-práticos que compõem o paradigma psicossocial no campo das drogas, tais como a redução de danos e a promoção da saúde, trouxeram foco ao sujeito em sofrimento na relação com a realidade social. Eles valorizam a singularidade de usuários e profissionais para compreensão do processo saúde-doença e a construção das políticas de saúde. Conceito que embasa e agrega essas características é o de construção de autonomia. Entretanto existem acepções e ações distintas relativas à autonomia, pluralidade intrínseca ao desenvolvimento da política de saúde mental e drogas no país. O objetivo deste artigo é descrever as estratégias para construção de autonomia para pessoas que fazem uso abusivo de drogas. O método utilizado foi a revisão integrativa, buscando-se, nas bases PsycInfo, PubMed, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Web of Science, estudos que analisaram o processo de cuidado a usuários de drogas. Foram sistematizadas ações que constroem autonomia e as barreiras para o cuidado. Foram selecionados 22 estudos, sendo 18 pesquisas em Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) e quatro em serviços de atenção primária. Sobressaíram ações realizadas na dimensão do resgate de valor social, como planos terapêuticos singulares e oficinas de redução de danos. Representam barreiras a exigência da abstinência, a falta de ações intersetoriais, falta de reinserção social por vínculos de trabalho e não participação em instâncias comunitárias e políticas. Evidencia-se um conjunto de práticas contraditórias e difusas, havendo as que constroem autonomia e as que impõem o controle sobre o usuário. Ainda assim, as ações dos CAPS AD e atenção primária demonstram ser fundamentais para o resgate de autonomia frente à estigmatização e marginalização.
The theoretical and practical frameworks that comprise the psychosocial paradigm in the field of drugs, featuring harm reduction and health promotion, focused attention on the suffering individual in relation to the social reality. Such frameworks value the uniqueness of users and healthcare workers for understanding the health-disease process and building effective health policies. The concept that underlies and unites these characteristics is autonomy. However, there are diverse definitions and practices pertaining to autonomy, with intrinsic plurality in the development of mental health and drug policy in Brazil. The article aims to describe the strategies for building autonomy for persons with abusive drug use. The method was an integrative review, searching the PsycInfo, PubMed, Virtual Health Library (VHL), and Web of Science databases for studies that analyzed the process of care for drug users. The review systematized actions that build autonomy and the barriers to care. Twenty-two studies were selected, of which 18 were studies in CAPS AD (Centers for Psychosocial Care for Alcohol and Drug Abuse) and 4 in primary care services. The review highlighted actions aimed at reclaiming individual social value, unique individual treatment plans, and harm reduction workshops. Barriers include the requirement of abstinence, lack of inter-sector collaboration, lack of social rehabilitation through work, and lack of participation in community and political spaces. The evidence points to a set of contradictory and diffuse practices, with some that build autonomy and others that impose control over users. Even so, the actions by CAPS AD and primary care are essential for reclaiming autonomy in the face of stigmatization and marginalization.
Los andamiajes teórico-prácticos que componen el paradigma psicosocial en el campo de las drogas, tales como la reducción de daños y la promoción de la salud, se centraron en el sujeto que padece el problema en relación con la realidad social. Ellos valoran la singularidad de consumidores y profesionales de la salud para la comprensión del proceso salud-enfermedad, así como la construcción de políticas de salud. El concepto que fundamenta y agrega esas características es el de construcción de autonomía. No obstante, existen acepciones y acciones distintas, relacionadas con la autonomía, pluralidad intrínseca al desarrollo de la política de salud mental y drogas en el país. El objetivo de este artículo es describir las estrategias para la construcción de autonomía para personas que consumen abusivamente drogas. El método utilizado fue la revisión integradora, donde se buscaron estudios, en las bases PsycInfo, PubMed, Biblioteca Virtual en Salud (BVS) y Web of Science, que analizaron el proceso de cuidado a consumidores de drogas. Se sistematizaron acciones que construyen autonomía, así como barreras para el cuidado. Se seleccionaron 22 estudios, siendo 18 investigaciones en Centro de Atención Psicosocial de Alcohol y otras Drogas (CAPS AD) y 4 en servicios de atención primaria. Sobresalieron las acciones realizadas en la dimensión de rescate de valor social como planes terapéuticos singulares y talleres de reducción de daños. Representan barreras la exigencia de abstinencia, la falta de acciones intersectoriales, falta de reinserción social por vínculos de trabajo y la no participación en instancias comunitarias y políticas. Se evidencia un conjunto de prácticas contradictorias y difusas, existiendo las que construyen autonomía y las que imponen el control sobre el usuario. No obstante, las acciones de los CAPS AD y atención primaria demuestran ser fundamentales para el rescate de la autonomía frente a la estigmatización y marginalización.