Resumo Dois terços da população mundial vivem em áreas infestadas com mosquitos vetores da dengue, especialmente o Aedes aegypti. Este estudo realizou um levantamento de dados sobre casos de dengue no município de Picos, no Estado do Piauí, Brasil, entre os anos de 2007 e 2011, enfatizando alguns fatores envolvidos em sua transmissão. Os dados foram coletados no Centro de Zoonoses de Picos da Secretaria Municipal de Saúde e no Sistema de Informação da Febre Amarela e Dengue (SISFAD) do Programa Nacional do Controle da Dengue (PNCD). Durante os anos de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011, foram visitados, respectivamente, 116.301, 182.024, 181.892, 187.619 e 195.377 imóveis pelos agentes de controle de endemias (ACE). As residências foram os estabelecimentos com maior positividade para focos de larvas de Aedes aegypti (p<0,05). Dentre os depósitos inspecionados, as larvas predominaram em armazenadores de água rebaixados (tambores) e elevados (caixas-d’água). Testes sorológicos confirmaram um total de 85 casos em 2007, 117 em 2008, 221 em 2009, 296 em 2010 e 217 em 2011. A média de casos foi mais expressiva em pacientes com idade entre 20-34 anos (p<0,05). No ano de 2011, foram identificados, pela primeira vez, focos de Aedes albopictus, encontrados principalmente em tambores de água. Portanto, o número de casos vem aumentando, o que sugere que o controle vetorial da transmissão pode sofrer forte impacto a partir da ação de vigilância epidemiológica em âmbito coletivo, uma vez que depósitos de água peri ou intradomiciliares representaram os locais predominantes para a procriação de vetores.
Abstract Two-thirds of the world population live in areas infested with dengue vector mosquitoes, especially Aedes aegypti. This study conducted a survey about dengue cases in Picos (Piauí, Brazil) between 2007 and 2011, emphasizing some transmission factors. Data were collected in the Health Secretary and Municipal Zoonoses Center and in SISFAD Programme (Information System of the National Dengue Control Program). During 2007, 2008, 2009, 2010 and 2011, a total of 116,301; 181,892; 187,619 and 195,377 properties, respectively, were visited by endemic control agents, and presented higher rates of outbreaks for A. aegypti larvae (p<0.05). Among the inspected places, larvae were predominant in lowered (storage tanks) and raised (water tanks) water reservoirs. Serological tests confirmed a total of 85, 117, 221, 296 and 217 cases in 2007, 2008, 2009, 2010 and 2011 and the average number of cases was higher in patients between 20-34 years-old) (p<0.05). In 2011 it was identified, for the first time, Aedes albopictus spots, mainly in storage tanks. Therefore, the number of cases is increasing, suggesting that the transmission vector control may suffer a strong impact by surveillance action based on community contribution, since peri- or household water tanks represented the predominant sites for vectors reproduction.