OBJETIVO: Identificar os padrões de consumo alimentar dos residentes da área urbana do Município de São Paulo, Brasil, e investigar a associação desses padrões com fatores de risco biológicos, sociodemográficos e comportamentais para doenças cardiovasculares (DCV). MÉTODO: Realizou-se um inquérito epidemiológico de delineamento transversal, com amostra probabilística de base populacional. Os 2 100 participantes de ambos os sexos tinham entre 15 e 59 anos. Em uma sub-amostra sistemática de 700 pessoas, aplicou-se um inquérito sociodemográfico, comportamental, clínico e alimentar. Obtiveram-se os padrões alimentares por análise fatorial a partir de um questionário de freqüência alimentar. As associações dos padrões alimentares com as variáveis sociodemográficas e comportamentais foram determinadas por meio de análise de covariância; e com os fatores biológicos, por regressão linear múltipla. RESULTADOS: Identificaram-se quatro padrões alimentares: "cafeteria" (açúcares simples e gorduras saturadas) associou-se com área de homogeneidade sociodemográfica e ambiental média, escolaridade média e superior e consumo de álcool. Associou-se ainda positivamente com a pressão sistólica (PAS), diastólica (PAD), índice de massa corporal (IMC) e relação cintura-quadril (RCQ) e negativamente com o HDL. O segundo padrão, "tradicional" (cereais, feijões e infusões), predominou entre mulheres e na idade superior a 50 anos; associou-se com consumo de álcool, renda superior e área de homogeneidade média. Associou-se de modo positivo com glicemia e IMC e de modo negativo com triglicérides e RCQ. O padrão "moderno" (baixos teores de gordura de açúcares simples; consumo de peixes), predominou entre os indivíduos de áreas de homogeneidade alta, com maior renda e escolaridade superior. Associou-se negativamente com PAD, colesterol total, glicemia e LDL. O padrão "aterogênico" (gorduras saturadas, adição de sal na comida depois de pronta e bebidas alcoólicas) predominou entre os homens. Associou-se com escolaridade fundamental, tabagismo, consumo de álcool e áreas de homogeneidade média e baixa. Associou-se de modo positivo com colesterol total, triglicérides, glicemia, IMC e RCQ. CONCLUSÕES: Os resultados apontam para tendências desfavoráveis do padrão alimentar na população estudada, visto que três dos quatro padrões de consumo identificados (cafeteria, tradicional e aterogênico) associaram-se de forma significativa com fatores de risco para DCV.
OBJECTIVE: To identify the dietary patterns of individuals living in the urban area of São Paulo, Brazil, and to investigate the association between these patterns and biological, sociodemographic, and behavioral risk factors for cardiovascular disease (CVD). METHOD: A cross-sectional epidemiological survey was carried out with a population-based probabilistic sample. The 2 100 participants of both sexes were from 15 to 59 years of age. A sociodemographic, behavioral, clinical, and dietary survey was applied to a systematic subsample of 700 people. Dietary patterns were determined using factor analysis based on a food frequency questionnaire. Covariance analysis was used to determine the associations between dietary patterns and sociodemographic and behavioral variables, and multilinear regression to determine the association between dietary patterns and biological factors. RESULTS: Four patterns were identified: (1) the "cafeteria" pattern (simple sugars and saturated fat), associated with areas of medium sociodemographic and environmental homogeneity, high school and university-level schooling, and alcohol consumption; positively associated with systolic (SAP) and diastolic (DAP) arterial pressure, body mass index (BMI) and waist-to-hip ratio (WHR); and negatively associated with HDL. (2) The "traditional" pattern (including cereals, beans, and infusion beverages) was predominant among women and in the age group over 50 years;associated with alcohol consumption, higher income, and areas of medium homogeneity; positively associated with glucose levels and BMI; and negatively associated with triglycerides and WHR. (3) The "modern" pattern (low intake of fat and simple sugars; fish) was predominant among individuals from high homogeneity areas, with higher income and university schooling;negatively associated with DAP, total cholesterol, glucose levels, and LDL. (4) The "atherogenic" pattern (saturated fat, addition of salt to cooked foods and alcohol consumption) was predominant among males; associated with elementary schooling, smoking, alcohol consumption, and areas of medium and low homogeneity; and positively associated with total cholesterol, triglycerides, glucose levels, BMI, and WHR. CONCLUSIONS: The results indicate an unfavorable trend in the dietary patterns of this population, since three of the four patterns identified (cafeteria, traditional, and atherogenic) are significantly associated with risk factors for CVD.