OBJETIVO: Partindo do princípio de que um dos objetivos dos serviços odontológicos públicos é reduzir os efeitos das desigualdades sociais sobre a saúde bucal, investigou-se se essas desigualdades estão presentes entre usuários dos serviços odontológicos públicos, privados e de sindicato. MÉTODOS: A população estudada foi constituída por uma amostra representativa de adultos residentes na cidade de Bambuí, MG. Os participantes foram entrevistados por meio de um questionário estruturado. RESULTADOS: Entre os 1.664 moradores amostrados, 1.382 (83,1%) participaram do inquérito de saúde bucal. Destes, 656 preenchiam os critérios de inclusão (idade >18 anos, presença de pelo menos um dente natural e visita ao dentista pelo menos uma vez na vida) e participaram do trabalho. Os usuários dos serviços privados estavam mais satisfeitos com a aparência dos dentes (ORaj=3,03; IC95%=1,70-5,39) e com a mastigação (ORaj=2,27; IC95%=1,17-4,40) do que os usuários de serviços públicos. Aqueles também percebiam menos necessidade atual de tratamento odontológico (ORaj=0,39; IC95%=0,18-0,86) e receberam com mais freqüência tratamento restaurador (ORaj=9,57; IC95%=4,72-19,43) ou preventivo (ORaj=5,57; IC95%=2,31-13,40) na última visita ao dentista. Aqueles que usaram os serviços do sindicato também receberam mais tratamentos restauradores (ORaj=8,51; IC95%=2,80-25,92) e preventivos (ORaj=11,42; IC95%=3,49-37,43) na última visita ao dentista do que os usuários de serviços públicos. Nenhuma diferença foi encontrada em relação à satisfação com a aparência dos dentes, à capacidade de mastigação e à percepção de necessidade de tratamento odontológico. CONCLUSÃO: Os serviços públicos odontológicos, com base no estudo da comunidade local, aparentemente não têm conseguido reduzir as desigualdades sociais com referência à saúde bucal.
OBJECTIVE: Since one of the goals of dental services is to reduce the effects of social inequality on dental health, it was assessed whether there are inequalities among those seeking dental care from private, public and unionized services. METHODS: The study population consisted of adults aged 18 years or more living in the city of Bambuí, Brazil. Participants were interviewed using a structured questionnaire. Data analysis was carried out using Pearson's chi-square test, odds ratio and 95% confidence intervals (Woolf's method). RESULTS: There were included 656 subjects who met the study's inclusion criteria. Adjusted results using multiple logistic regression showed that those using private services were more likely to be satisfied with their teeth's looks (OR=3.03; 95%CI =1.70-5.39) and chewing ability (OR=2.27; 95%CI=1.17-4.40) compared to those using public services. Also, they were less likely to perceive their need for dental treatment (OR=0.39; 95%CI=0.18-0.86) and were more likely to have had restorative (OR=9.57; 95%CI=4.72--19.43) and/or preventive (OR=5.57; 95%CI=2.31--13.40) treatment in their last visit to the dentist's. Those using unionized services were more likely to have had restorative (OR=8.51; 95%CI=2.80--25.92) and/or preventive treatment (OR=11.42; 95%CI=3.49--37.43) in their last visit to the dentist's when compared to those using public services. However, there were no differences regarding satisfaction with their teeth's looks, chewing ability, and perceived treatment needs. CONCLUSION: Public dental care services have not been able to reduce social inequalities related to oral health care.