Estudo antropológico sobre o modo de incorporação e as repercussões do implante do marcapasso na vida do indivíduo portador da doença de Chagas. Foi realizada uma pesquisa etnográfica baseada no instrumento de entrevista aberta, buscando identificar a percepção do estado de saúde de um grupo de 15 pacientes portadores de cardiopatia Chagásica crônica que necessitaram de implante de marcapasso, atendidos no Ambulatório de Marcapasso do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Utilizou-se o referencial da qualidade de vida para observar os recursos culturais, físicos e psicológicos que os pacientes utilizam para enfrentar, explicar e aceitar o processo de adoecimento, incluindo as representações mentais que constroem o sentido cultural da doença e definem as relações sociais. O estudo pretende contribuir para que os profissionais de saúde atendam seus pacientes em sua integralidade. A orientação decodificada e integrada no âmbito cultural assume um papel importante para evitar que a desinformação perpetue a difusão de mitos populares, que, por vezes, se tornam preconceitos e elementos sociais ativos de estigma do indivíduo portador de cardiopatia.
This anthropological study aimed to evaluate the incorporation of pacemakers into the lives of individuals with Chagas disease. An ethnographic methodology was used, based on an open interview focusing on the personal perceptions of 15 patients with chronic Chagas cardiopathy who had required pacemaker implants at the Federal University Hospital in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil. As part of a broader quality of life analysis, the study investigated the cultural, physical, and psychological resources used by patients to confront, explain, and accept the disease process, including mental representations on the cultural perception of the illness and definition of social relations. The study was intended to contribute to comprehensive patient care by health professionals, including psychosocial aspects. Decoded and integrated orientation in the cultural sphere assumes an important role in order to prevent disinformation from perpetuating the dissemination of popular myths as active elements in patient stigmatization.