Resumo O artigo visa esboçar um panorama histórico e político sobre a relação entre indígenas e Estado no Brasil à luz do processo da Reforma Sanitária ocorrida a partir da década de 1970. Recupera e problematiza, com base em pesquisa e literatura em torno do tema, as concepções políticas subjacentes à diretriz participação, conforme prevista pela Constituição de 1988 e pela Lei Arouca de 1999, que implementa o subsistema de saúde indígena (SASI-SUS), assim como, em contrapartida, as operacionalidades efetivas da participação. À diferença do SUS, o SASI-SUS priorizou o aspecto federativo da gestão e a incorporação sistemática do debate sobre práticas e estratégias de cuidado indígenas no âmbito do atendimento cotidiano do subsistema, ambos apropriados pelo movimento indígena. Argumenta-se que a incorporação desses princípios constitui um elemento importante das relações entre movimento indígena e Estado.
Abstract The article sketches a historical and political overview of the relationship between Indigenous people and the state in Brazil in light of the process of healthcare reform that took place in the 1970s. Based on research and a literature review of this issue, it resumes and problematizes political concepts that underlie the guidelines for participation, as enshrined in the Constitution of 1988 and the Arouca Law of 1999, which established the Indigenous Healthcare Subsystem (SASI-SUS), as well as its counterpart, the effective operational forms of participation. Unlike the national Unified Healthcare System, the Indigenous Healthcare Subsystem gave priority to the federative aspect of administration and the systematic incorporation of the debate on Indigenous healthcare practices and strategies in the realm of daily care within the subsystem, both appropriated by the Indigenous movement. The article affirms that the incorporation of these principles is an important element in relations between the Indigenous movement and the state.
Resumen El artículo traza un panorama histórico y político sobre la relación entre indígenas y Estado en Brasil, a la luz del proceso de la Reforma Sanitaria ocurrida a partir de la década de 1970. Recupera y problematiza, en base a investigaciones y literatura en torno al tema, las concepciones políticas subyacentes en la directriz de participación, prevista en la Constitución de 1988 y en la Ley de Arouca de 1999, que implementa tanto el subsistema de salud indígena (SASI-SUS) así como, en contrapartida, las operatividades efectivas de la participación. A diferencia del SUS, el SASI-SUS priorizó la dimensión federativa de la gestión y la incorporación sistemática del debate sobre prácticas y estrategias de cuidado indígenas en el atendimiento cotidiano del subsistema, ambas apropiadas por el movimiento indígena. Se argumenta que la incorporación de esos principios constituye un elemento importante de las relaciones entre movimiento indígena y Estado.