Este artigo tem como objetivo identificar e analisar as diferentes questões e interfaces entre os estudos antropológicos sobre gênero e sexualidade e os movimentos sociais pelos direitos das mulheres e pelos direitos à diversidade sexual no Brasil. Entendo que esses estudos, especialmente nas últimas duas décadas, têm ampliado suas questões, no sentido da corporalidade, do self, da subjetividade, da agência, dos sentimentos e afetos. Sempre reforçando relações de gênero como diferentes posiçõesde poder e hierarquia, o conceito de gênero é entendido como tornando-se ou podendo tornar-se em outra forma, não mais identidades, mas identificações, propondo uma ruptura das dicotomias como a heterossexualidade e a homossexualidade, masculinidade e feminilidade. Esses estudos revelam os desafios políticos entre, de um lado, a luta pelos direitos humanos das mulheres e pela diversidade sexual e, de outro lado, a luta pela diversidade cultural, bem como os efeitos políticos da escolha de diferentes metodologias antropológicas.
This article aims to identify and analyze different issues and interfaces between anthropological studies on gender and sexuality, and social movements for women's rights and for rights for sexual diversity in Brazil. I argue that these studies, especially on the last two decades, have enlarged their issues, towards corporeality, self and subjectivity, agency, feelings and affects. Always reinforcing gender relations as different positions in power and hierarchy, the concept of gender is understood in the mode of becoming or becoming otherwise, no more identities, but identifications, proposing a rupture of dichotomies as heterosexuality and homosexuality, masculinity and femininity. These studies reveal the political challenges between the fight for human rights of women and sexual diversity and the fight for cultural diversity, as well as political effects from different choices of anthropological methodologies.