FUNDAMENTO: Diversos mecanismos podem estar envolvidos no desencadeamento da síncope em pacientes com cardiomiopatia hipertrófica (CMH), incluindo colapsos hemodinâmicos que podem estar relacionados a um desequilíbrio autonômico. OBJETIVO: Avaliar e comparar a função autonômica de pacientes que apresentam CMH com síncope inexplicada (SI) com os que não apresentam síncope. MÉTODOS: Trinta e sete pacientes foram incluídos, sendo 16 com SI e 21 sem síncope. Sua função autonômica foi avaliada por sensibilidade barorreflexa (SB) espontânea e induzida por fenilefrina, pela variabilidade da frequência cardíaca (VFC) no domínio do tempo durante o Holter de 24 horas e no domínio da frequência (análise espectral), ambos em decúbito dorsal e no teste de inclinação (TI) a 70º. RESULTADOS: A SB espontânea mostrou-se semelhante em ambos os grupos (16,46 ± 12,99 vs. 18,31 ± 9,88 ms/mmHg, p = 0,464), assim como a SB induzida por fenilefrina (18,33 ± 9,31 vs. 15,83 ± 15,48 ms/mmHg, p = 0,521). Não foram observadas diferenças no SDNN (137,69 ± 36,62 vs . 145,95 ± 38,07 ms, p = 0,389). O grupo com síncope apresentou um RMSSD significativamente menor (24,88 ± 10,03 vs. 35,58 ± 16,43 ms, p = 0,042) e tendência a menor pNN50 (4,51 ± 3,78 vs . 8,83 ± 7,98%, p =0,085) e a menores valores do componente de alta frequência da análise espectral da VFC em repouso (637,59 ± 1.295,53 vs. 782,65 ± 1.264,14 ms2 , p = 0,075). Nenhuma diferença significativa foi observada em resposta ao TI (p = 0,053). A sensibilidade, especificidade e acurácia do TI na identificação da etiologia da SI em pacientes com CMH foram 6%, 66% e 40%, respectivamente. CONCLUSÃO: Observou-se tônus parassimpático mais baixo em pacientes com CMH e SI, mas a relevância clínica deste achado ainda não está clara. O TI não é uma ferramenta vantajosa para avaliar a origem da síncope em tais doentes, principalmente por causa da sua baixa especificidade.
BACKGROUND: Several mechanisms may be involved in the trigger of syncope in patients with hypertrophic cardiomyopathy (HCM), including hemodynamic collapses that might be related to an autonomic imbalance. OBJECTIVE: To evaluate and compare the autonomic function of patients presenting HCM with unexplained syncope (US) to those without syncope. METHODS: Thirty-seven patients were included, 16 with US and 21 without syncope. Their autonomic function was assessed by spontaneous and phenylephrine induced baroreflex sensitivity (BRS), by heart rate variability (HRV) in time domain during 24-hour Holter and in frequency domain (spectral analysis), both in supine position and at 70º head-up tilt (HUT). RESULTS: The spontaneous BRS was similar in both groups (16,46 ± 12,99 vs. 18,31 ± 9,88 ms/mmHg, p = 0,464), as was phenylephrine-induced BRS (18,33 ± 9,31 vs. 15,83 ± 15,48 ms/mmHg, p = 0,521). No differences were observed in SDNN (137,69 ± 36,62 vs . 145,95 ± 38,07 ms, p=0,389). The group presenting syncope had a significantly lower RMSSD (24,88±10,03 vs. 35,58 ± 16,43 ms, p = 0,042) and a tendency to lower pNN50 (4,51 ± 3,78 vs . 8,83 ± 7,98%, p =0,085) and lower values of the high frequency component of HRV spectral analysis at rest (637,59±1.295,53 vs. 782,65±1.264,14ms2, p=0,075). No significant difference was observed in response to HUT (p = 0,053). HUT sensitivity, specificity and accuracy in identifying the etiology of US in HCM patients were 6%, 66% and 40%, respectively. CONCLUSIONS: A lower parasympathetic tone was observed in HCM patients with US, but the clinical relevance of this finding remains unclear. HUT is not a valuable tool for evaluating the origin of syncope in these patients, mainly because of its poor specificity.