RESUMO Contexto O transplante de fígado com doador falecido é a primeira escolha, mas o transplante de doador vivo é uma alternativa a ser considerada em situações especiais, como falta de órgãos doados e emergências. Até o momento, não há consenso sobre qual método de transplante proporciona melhor sobrevida e menos complicações, sendo, ainda, um ponto em aberto para discussão. Métodos Esta meta-análise comparou as taxas de sobrevida de pacientes e enxertos de 1, 3 e 5 anos de transplante de doador vivo e transplante de fígado com doador falecido. Incluímos estudos publicados de abril de 2009 a junho de 2021 e adotamos o modelo genérico do inverso da variância para o efeito aleatório das razões de risco. A adequação dos estudos foi determinada por meio da Escala de Newcastle-Ottawa — NOS (WELLS). Resultados Para análise de sobrevida do paciente, incluímos um total de 32.258 indivíduos. Encontramos uma melhor sobrevida estatisticamente significativa para o grupo de transplante de fígado de doador vivo em 1, 3 e 5 anos, respectivamente: 1,35 HR (IC95% 1,10—1,66, P=0,005), 1,26 HR (IC95% 1,09—1,46, P=0,002) e 1,27 HR (IC95% 1,09—1,48, P=0,002). Nossa meta-análise avaliou um total de 21.276 enxertos. Na análise geral, a sobrevida em 1 ano foi melhorada em favor do grupo de transplante de doador vivo (1,36 HR, IC95% 1,16—1,60, P<0,0001), enquanto a sobrevida em 3 anos (1,13 HR, IC95% 0,96—1,33, P<0,13) e 5 (0,99 HR, IC95% 0,74—1,33, P<0,96), não diferiram significativamente. Conclusão Esta meta-análise detectou uma sobrevida estatisticamente significativa maior do paciente em 1, 3 e 5 anos favorecendo o transplante de doador vivo em comparação com o transplante de fígado com doador falecido, bem como uma diferença estatisticamente significativa melhor na sobrevida do enxerto em 1 ano favorecendo o grupo de transplante de doador vivo.
ABSTRACT Background Deceased donor liver transplantation (DDLT) is the first choice, but living donor transplantation (LDLT) is an alternative to be considered in special situations, such as lack of donated organs and emergencies. So far, there is no consensus on which transplantation method provides better survival and fewer complications, which is still an open point for discussion. Methods This meta-analysis compared the 1, 3, and 5-year patient and graft survival rates of LDLT and DDLT. We included studies published from April-2009 to June-2021 and adopted the generic model of the inverse of variance for the random effect of hazard ratios. The adequacy of the studies was determined using the Newcastle-Ottawa Scale — NOS (WELLS). Results For patient survival analysis, we included a total of 32,258 subjects. We found a statistically significant better survival for the LDLT group at 1, 3 and 5 years, respectively: 1.35 HR (95%CI 1.10—1.66, P=0.005), 1.26 HR (95%CI 1.09—1.46, P=0.002) and 1.27 HR (95%CI 1.09—1.48, P=0.002). Our meta-analysis evaluated a total of 21,276 grafts. In the overall analysis, the 1-year survival was improved in favor of the LDLT group (1.36 HR, 95%CI 1.16—1.60, P<0.0001), while the 3-year survival (1.13 HR, 95%CI 0.96—1.33, P<0.13), and 5 (0.99 HR, 95%CI 0.74—1.33, P<0.96), did not differ significantly. Conclusion This metanalysis detected a statistically significant greater 1-, 3- and 5-years patient survival favoring LDLT compared to DDLT as well as a statistically significant difference better 1-year graft survival favoring the LDLT group.