RESUMO A área plantada com pupunheira (Bactris gasipaes) para a produção de palmito tem aumentado nos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Tocantins, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Nestas regiões os plantios são atacados pela podridão da base do estipe (PBE), associada ao oomiceto Phytophthora palmivora. Há poucos trabalhos sobre a etiologia desta doença, pairando e, as vezes, ficam dúvidas sobre a espécie de Phytophthora envolvida. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi identificar e caracterizar morfológica, fisiológica e molecularmente, os isolados de Phytophthora sp. oriundos de três polos de plantios de pupunheira, visando elucidar a sua etiologia. Os 31 isolados de Phytophthora utilizados vieram de plantios de pupunheira dos estados de São Paulo (Eldorado, Cajati e Registro), Paraná (Paranaguá e Morretes) e Santa Catarina (Massaranduba, Garuva e Joinville). Avaliou-se o crescimento micelial dos isolados de Phytophthora sp. em oito temperaturas (8, 12, 16, 20, 24, 28, 32 e 36 °C), o aspecto das colônias, a produção de esporângios, clamidósporos e oósporos. Foram medidas 50 estruturas de cada isolado e a análise molecular com base nas regiões ITS1 e ITS2 e Cox1 e Cox2. Os três padrões de colônia encontrados foram: ligeiramente estrelado, estrelado e cotonoso, sendo o primeiro o mais frequente. Os isolados não cresceram às temperaturas de 8 °C e 36 °C, e a temperatura ótima foi 23,7 °C. Os esporângios formados em ontogenia simpodial apresentaram-se papilados, elipsoides em sua maioria, com 21,1 - 84,8 µm de comprimento e 17,4 – 41,7 µm de largura, caducos, com pedicelos curtos 0,4 - 6,6 µm, e relação comprimento/largura (C/L) variando de 1,3 - 1,9. As papilas mediram entre 0,9 - 11,2 µm de profundidade e 0,5 - 11,4 µm de largura. Clamidósporos globosos, terminais e intercalares, com 20,0 - 53,6 µm de diâmetro e 0,3 - 4,4 µm de espessura de parede. Todos os isolados foram heterotálicos e do tipo compatível A1. Oósporos globosos, apleróticos e sem ornamentações nas paredes medindo 26,0 - 63,6 µm, com anterídios anfígenos. Com base nas características morfofisiológicas e moleculares, os isolados de pupunheira foram enquadrados na espécie Phytophthora palmivora (Butler) Butler.
ABSTRACT The area planted with peach palm (Bactris gasipaes) for the production of palm heart has increased in the Brazilian states of Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Tocantins, São Paulo, Paraná and Santa Catarina. In these regions, the crops are attacked by stipe basal rot (SBR), a disease associated with the oomycete Phytophthora palmivora. There are few studies on this disease, and some doubts about the species Phytophthora palmivora remain. Thus, the objective of this study was to identify and morphologically, physiologically and molecularly characterize Phytophthora sp. isolates obtained from three peach palm plantation sites in order to elucidate its etiology. The 31 Phytophthora isolates were obtained from peach palm crops in the states of São Paulo (Eldorado, Cajati and Registro), Paraná (Paranaguá and Morretes) and Santa Catarina (Massaranduba, Garuva and Joinville). Mycelial growth of isolates was evaluated at eight temperatures (8, 12, 16, 20, 24, 28, 32 and 36 °C), as well as the aspect of the colony and the production of sporangia, chlamydospores and oospores. Fifty structures of each isolate were measured, as well as molecular analysis based on the regions ITS1 and ITS2 and Cox1 and Cox2. Three colony patterns were found: slightly starry, starry and cottony, and the first pattern was most frequent. There was no growth at 8 °C and 36 °C and the optimal growth temperature was 23.7 °C. The sporangia formed on sympodial ontogeny were papillate, predominantly ellipsoid, showing 21.1 – 84.8 µm length and 17.4 – 41.7 µm width, caducous, with a short pedicel of 0.4 - 6.6 µm and a length-to-width ratio varying from 1.3 to 1.9. The papillae measured between 0.9 – 11.2 µm length and 0.5 – 11.4 µm width. Chlamydospores were globose, terminal and interpolate, showing 20.0 – 53.6 µm diameter and 0.3 – 4.4 µm wall thickness. All isolates were heterothalic of the compatible mating type A1. Oospores were globose and aplerotic with no ornamented walls, measuring 26.0 – 63.6 µm, and showing amphigynous antheridia. Based on these morphological and molecular characteristics, the peach palm isolates were identified as Phytophthora palmivora (Butler) Butler.