resumo Historicamente, a expansão das cidades resultou na substituição da paisagem natural pela urbana, tendo como consequência a degradação ambiental por meio das mudanças na cobertura do solo, nos sistemas hidrológicos, nos ciclos biogeoquímicos, no clima e na biodiversidade, tornando as cidades especialmente vulneráveis às mudanças climáticas. A reversão desses processos é uma medida que visa a promoção da qualidade de vida nas cidades, na qual a arborização possui um papel fundamental por fornecer uma série de serviços ecossistêmicos valiosos para a promoção da biodiversidade, saúde e bem-estar social. Sendo direito de todos um meio ambiente equilibrado, saudável, de uso comum e essencial à qualidade de vida, o verde urbano é assunto interdisciplinar e de responsabilidade comum e generalizada. Cabe ao poder público a regularização, criação e manutenção dos plantios, promovendo o plantio de árvores a distâncias predeterminadas de acordo com o porte de cada espécie. Porém, os movimentos ativistas se desenvolveram no vácuo da morosidade do poder público seguindo, em geral, o método de adensamento de árvores pautado pelo conceito de sucessão ecológica. Ao promover a restauração dos serviços ecossistêmicos, as duas iniciativas de plantio arbóreo tendem a trazer grandes benefícios às grandes cidades, como São Paulo. Porém, a complexidade da paisagem urbana exige uma avaliação sistêmica dos plantios para definir a sua adequação espacial e otimizar os seus benefícios. O plantio das florestas urbanas não deve ter como objetivo recriar as condições naturais pré-urbanização, mas sim, desenvolver áreas verdes integradas à malha urbana que garantam um ambiente saudável e equilibrado, preservando as interações sociais. Ao visualizar o meio urbano como um ecossistema completo, é possível estabelecer critérios que otimizem os benefícios da arborização urbana. Estes critérios devem ser baseados em conhecimento técnico e científico, levando em conta necessidades sociais, para que o melhor método seja escolhido, caso a caso.
abstract Historically, the expansion of cities resulted in the replacement of natural landscape by urban environments, resulting in environmental degradation through changes in soil cover, hydrological systems, biogeochemical cycles, biodiversity, making cities particularly vulnerable to climate changes. Environmental restoration in cities is a measure to promote life quality, and urban forests play a key role in restoring the quality of the urban environment. They provide valuable ecosystem services for maintaining biodiversity, ensuring human health, and social well-being. As everyone has the right to live in a balanced, healthy and common use environment essential to suppor quality of life, urban green areas are an interdisciplinary issue of collective concern. It is the responsibility of the government to regulate, plant and manage urban trees in order to standardize urban afforestation by planting trees at predetermined distances according to the size of each species. However, the vacuum in the greening process left by the State is being filled by activists who, in general, use a different protocol that aims at higher tree density based on the notion of ecological succession. By promoting the restoration of ecosystem services, both initiatives tend to bring significant benefits to large cities such as São Paulo. However, the complexity of the urban landscape requires a systemic evaluation of tree planting to define spatial adequacy and optimize benefits. The planting of urban forests should not aim to recreate pre-urban natural conditions, but rather to develop green areas integrated to the urban network that guarantee a healthy and balanced environment while preserving social interactions. By perceiving the urban environment as a complete ecosystem, it is possible to establish criteria that optimize the benefits of urban afforestation. These criteria should be based on technical and scientific knowledge, and take into account social needs, so that the best method is chosen on a case-by-case basis.