Resumen El presente artículo tiene por objeto de estudio las relaciones interétnicas resultantes de la convivencia entre los no indígenas1 y el pueblo indígena de los Kaingang en Iraí (Rio Grande del Sur, Brasil), cuyo vínculo de base se ha manifestado, principalmente, a partir de la explotación comercial de fuentes de aguas termales. El municipio de Iraí -localizado en el Noroeste Riograndense-, alberga una reserva indígena (terra indígena) donde habita el pueblo Kaingang, que fue demarcada a comienzos de los años noventa, tras un proceso de organización y movilización de los indígenas. Este estudio tiene por objetivo abordar las tensiones, contradicciones y las diferentes manifestaciones de convivencia en la frontera interétnica en distintos momentos y coyunturas económicas de la historia reciente de Iraí, procurando comprender las motivaciones subyacentes a la acción de los pobladores nativos. Para nuestro estudio hemos recurrido como fuentes a noticias de la prensa local, a bibliografía especializada y a un juicio resultante de una acción interpuesta en defensa de la preservación del medio ambiente y del paisaje de la localidad. Como hipótesis, proponemos que la frontera interétnica se manifestó más rígida en aquellos momentos en que la presencia de los nativos no fue entendida como económicamente conveniente a los intereses comerciales de agentes públicos y privados de la región.

Abstract The article seeks to study the interethnic relations originated in the coexistence between non-indigenous people and the Kaingang native people in Iraí (Rio Grande do Sul, Brazil). Until today, the relationships are articulated -mainly- around the commercial exploitation of the thermal water sources. The town hall of Iraí -located in the Northwest of Rio Grande do Sul-, preserves an indigenous reservation (called Terra Indigena in the brazilian laws) where the Kaingang people live. It was demarcated at the beginning of the 1990’s, after the process of organization and indigenous struggle. This study aims to address the tensions, contradictions and different manifestations of coexistence on the inter-ethnic border at different times and economic circumstances in the recent history of Iraí, seeking to understand the underlying motivations for the actions of the native settlers. The research is based on different sources, like newspaper news, specialized bibliography and a trial, resulting from an action filed in defense of the preservation of the environment and the local landscape. As a hypothesis, we propose that the inter-ethnic border was more rigid in those moments in which the presence of indigenous people was not understood as economically convenient for the commercial interests of public and private agents in the region.

Resumo O presente artigo se insere no campo da história indígena e toma por recorte temporal o século XIX, e o amplo território denominado Fronteira Sul pelas fontes históricas utilizadas no estudo. No texto buscamos investigar parte da trajetória de um personagem histórico, a liderança indígena Kaingang Cacique Doble, cuja atuação desenvolveu-se no período e no cenário mencionados. Ao olhar para a trajetória de Doble, também observarmos as relações que essa liderança manteve com os não-indígenas, agentes colonizadores, e também com os próprios indígenas na luta pela manutenção de seu território tradicional. Os deslocamentos de Doble pelo território Kaingang, as relações de naturezas políticas e diplomáticas com indígenas e não-indígenas, observados através das fontes históricas, nos sugerem uma compreensão mais ampla sobre o conceito de fronteira que, no caso particular de Doble, se revelou uma fronteira muito dinâmica, um local de encontro entre diferentes, posto de comunicação e trocas diversas entre os diversos agentes.

Abstract The present article is part of the field of indigenous history; it takes the 19th century as its time frame and the wide territory named Fronteira Sul (Southern Brazilian Frontier) in the historical sources used in this study. Throughout the text we seek to investigate part of the trajectory of a historical figure, the indigenous Kaingang leader named Cacique Doble, whose leadership took place in the above-mentioned period and scenario. Analyzing Doble's trajectory allows to examine the relationships this leader maintained with non-indigenous, colonizing agents, and with the indigenous themselves in the struggle to hold their traditional territory. Doble's movements across the Kaingang territory and the political and diplomatic relations with indigenous and non-indigenous people, observed through historical sources, suggest a broader understanding of the concept of frontier, which in Doble's particular case has proved to be a very dynamic frontier: a meeting place for different people, a point of communication and exchange among the various agents.

RESUMO O artigo propõe analisar a história da Real Expedição de Conquista dos Campos de Guarapuava, em conjunção com a presença indígena na região da Fronteira Sul de São Paulo provincial e a história do aldeamento de Atalaia e de suas lideranças indígenas. Através das fontes históricas e da bibliografia pertinente ao tema, buscamos entender as tramas interculturais estabelecidas no projeto joanino de ocupação, exploração e dominação da população nativa dos chamados campos de Guarapuava entre os anos de 1810 e 1825, território de importância para a exploração econômica e de consolidação de fronteiras com o império espanhol. Tratamos, aqui, tal processo de povoamento como uma invasão aos territórios tradicionais ocupados desde a pré-história pelos povos de língua Jê, em especial as diferentes parcelas Kaingang que, em face da nova configuração histórica que se apresentava, procuraram, por estratégias de ações políticas ou de conflito evidenciadas no protagonismo das lideranças indígenas, defender-se dos interesses de milicianos e colonos, e que permitiram um espaço territorial de sobrevivência dessas populações.

ABSTRACT The article proposes to analyze the history of the Royal Expedition of Conquest of Campos de Guarapuava, in conjunction with the indigenous presence in the southern border region of the province of São Paulo and the history of the village of Atalaia and its indigenous chiefs. Through historical sources and bibliography pertinent to the theme, we seek to understand the intercultural plots established in the Johannine projects of occupation, exploration and domination of the native population of the so-called fields of Guarapuava between the years 1810 and 1825, a territory of importance for economic exploration and consolidation of borders with the Spanish empire. Here, we treat this process of settlement as an invasion of traditional territories occupied since prehistory by the Jê-speaking peoples, in particular the different Kaingang people parcels that, in view of the new historical configuration that presented themselves, searched for action strategies policies or conflict, evidenced in the protagonism of indigenous chiefs, defending themselves from the interests of non-indigenous militiamen and settlers, and which allowed a territorial space for the survival of these populations.