RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A criança com paralisia cerebral pode ser afetada por processos dolorosos relacionados ao pós-operatório, com dor subestimada devido à dificuldade de comunicação, especialmente quando uma ferramenta específica não é utilizada. O objetivo deste estudo foi avaliar a dor em crianças com paralisia cerebral no pós-operatório de cirurgia ortopédica e a percepção de pais e profissionais de saúde sobre a dor. MÉTODOS: Estudo transversal, observacional realizado na Associação de Apoio à Criança Deficiente em São Paulo. Foram recrutadas 51 crianças com paralisia cerebral, com idade entre 6 e 15 anos, 51 cuidadores e 51 profissionais de saúde. A dor foi avaliada por um observador durante os procedimentos de rotina em que a criança foi manipulada. Após o procedimento, o observador perguntou aos profissionais de saúde e cuidadores sobre a dor da criança. RESULTADOS: Oitenta e dois por cento dos pacientes apresentaram dor pós-operatória e desses, 50% dor moderada e intensa. Nos pacientes não comunicativos, os pais apresentaram percepções discordantes do observador em 65% dos casos (p=0,05) e os profissionais de saúde apresentaram respostas discordantes em 75% (p<0,001). Nos pacientes comunicantes, os pais apresentaram respostas discordantes do observador em 58% dos casos (p=0,20) e os profissionais de saúde em 55% dos casos (p=0,44). CONCLUSÃO: Crianças com paralisia cerebral apresentam dor moderada e intensa no pós-operatório de cirurgias ortopédicas. Na fase hospitalar, a dor é mais difícil de ser detectada em pacientes não comunicativos sem o uso de escala específica, mesmo por pais ou profissionais experientes.
ABSTRACT BACKGROUND AND OBJECTIVES: Children with cerebral palsy are affected by postoperative painful processes. These children's pain may be underestimated due to difficult communication especially when a specific tool is not used. The objective of this study was to evaluate the pain in children with cerebral palsy in postoperative orthopedic surgery and the pain perception of parents and health professionals. METHODS: It is a cross-sectional, observational study performed at Associação de Apoio à Criança Deficiente in São Paulo. Fifty-one children with cerebral palsy were recruited, aged between 6-15 years, 51 parents/caregivers and 51 health professionals. Pain assessment was measured by an observer during the routine procedures in which the child was manipulated. After the procedure, the observer asked health professionals and parents about the child's pain. RESULTS: Eighty-two percent of patients had postoperative pain, and of these, 50% had moderate and intense pain. In unarticulated patients, parents and caregivers had discordant perceptions from the observer in 65% of the cases (p=0.05) and health professionals had discordant responses in 75% (p<0.001). In communicative patients, parents had discordant responses from the observer in 58% of the cases (p=0.20) and health professionals had discordant responses in 55% of the cases (p=0.44). CONCLUSION: Children with cerebral palsy present moderate and intense pain in the postoperative period of orthopedic surgeries. In the hospital, it is more challenging to detect pain in unarticulated patients without the use of a specific scale, even by experienced parents or professionals.