O artigo discute aspectos problemáticos ligados à idéia de racionalidade estratégica desenvolvida no âmbito da teoria dos jogos. Um aspecto especialmente explorado é o fato de que a teoria dos jogos pretende fornecer critérios de escolha racional numa situação de incerteza, característico da chamada interação estratégica, em que os indivíduos tentam antecipar as ações dos outros com os quais interagem por considerar que o alcance de seus objetivos depende também daquelas ações. Ao fazê-lo, entretanto, a teoria normalmente desconsidera o elemento de endogeneidade típico da situação. Argumenta-se aqui que uma abordagem excessivamente racionalista da interação estratégica, e da incerteza que lhe é característica, é danosa à própria solução racional da situação, e que melhor seria, portanto, buscar uma cooperação intelectual com o programa de pesquisa institucionalista. Reconhece-se que este programa não é monolítico, abrigando diferentes visões, uma das quais voltada para dar conta das instituições em termos da escolha racional dos indivíduos. A linha institucional desenvolvida neste artigo, contudo, deriva de diálogo interdisciplinar com a Filosofia, em particular com a tradição da filosofia social que reflete sobre a questão "o que podemos conhecer?", a partir de uma visão peculiar sobre o mundo social, na qual a racionalidade individual desempenha função limitada.
The article discusses some problematic aspects related to the notion of strategic rationality as it has been developed in the context of game theory. The emphasis is particularly placed on the game theoretical pretension of providing unequivocal criteria for rational choices under uncertainty, as uncertainty is an element of so-called strategic interactions (where individuals try to foresee each other's actions when trying to achieve their ends). In so doing, however, the theory usually overlooks the element of endogeneity that typically surrounds these interactions. It is contended that an extremely rationalistic approach to strategic interactions, as well as to their peculiar uncertainty, is detrimental to the rational solution of the situation. Moreover, it is suggested that the intellectual cooperation between game theory and the institutionalist research program is most welcome for that matter. The institutional approach here focused has its roots in the social philosophical tradition that poses the question "what can we know?" starting out from a peculiar vision of the social world where individual rationality plays a limited role.
L'article met en question les aspects problematiques liés à l'idée de rationalité strategique developpée dans le cadre de la théorie des jeux. Un aspect qui sera particulièrement discuté est la prétention, de la part de la théorie des jeux, de fournir des critères de choix rationnel dans une situation d'incertitude, caractéristique de ce qu'on appelle interation stratégique, dans laquelle les individus essaient d'anteciper les actions des autres avec lesquels ils intéragissent, puisqu'ils considèrent que l'accomplissement de leurs objectifs dépend aussi de ces actions. Cependant, en général, la théorie ne tient pas en compte l'élément d'endogeneité typique de la situation. On argumente ici qu'un abordage trop rationaliste de l'intération stratégique, et de l'incertitude qui l'accompagne, est nuisible à la propre solution rationnelle de la situation; il vaudrait mieux donc chercher un coopération intelectuelle avec le programme de recherche institutionaliste. On reconnaît que ce programme n'est pas monolithique, et qu'il auberge des différentes visions, parmi lesquelles celle vouée à la comprehénsion des institutions du point de vue du choix rationnel des individus. Néanmoins, la position institutionnelle developpée dans cet article dérive du dialogue interdisciplinaire avec la Philosophie, en particulier avec la tradition de la philosophie sociale qui se pose la question "Qu'est-ce qu'on peur connaître?", d'une perspective peculière sur le monde social, selon laquelle la rationalité individuelle y joue un rôle limité.