RESUMO: Poderíamos pensar que a socialização política, quando inscrita desde a primeira infância em um espaço sociolocal onde a instituição comunista é onipresente, não poderia produzir outra coisa senão habitus militantes “em conformidade” e incondicionalmente leais aos princípios comunistas. No entanto, as entrevistas biográficas recolhidas em um antigo bastião operário do Partido Comunista Francês mostram que esse tipo de socialização, longe de se resumir a uma duplicação de modelos parentais e a uma interiorização infalível das normas partidárias, permite processos de apropriação oblíqua e de inovação. A reprodução do engajamento tende à produção evolutiva de papéis militantes de uma geração a outra.
ABSTRACT: Some might take it for granted that political socialization, when it is part of a sociolocal space where the communist institution can be felt everywhere as soon as the earliest youth, could only produce but “regular” activist habitus and unconditional loyalties. Still, the biographical interviews conducted in a former workers’ stronghold of the French Communist Party show that this kind of politicization, far from being restricted to a replication of parental models and an infallible internalization of partisan norms, do allow processes of oblique and innovative appropriation. The commitment’s reproduction thus relies on - rather than stands against - the evolutionary construction of activist roles from one generation to another.
RESUME: Il pourrait sembler acquis que la socialisation politique, lorsqu’elle s’inscrit dès la prime enfance dans un espace socio-local où l’institution communiste est omniprésente, ne saurait produire que des habitus militants « conformes » et des loyautés inconditionnelles. Pourtant, les entretiens biographiques recueillis dans un ancien bastion ouvrier du Parti communiste français montrent que ce type de politisation, loin de se résumer à une duplication des modèles parentaux et à une intériorisation infaillible des normes partisanes, autorise des processus d’appropriation oblique et d’innovation. La reproduction de l’engagement s’adosse ainsi, plus qu’elle ne s’oppose, à la fabrique évolutive des rôles militants d’une génération à l’autre.