O presente artigo visa compreender o conceito de sociedade civil global, a partir de um diálogo entre o construtivismo em Relações Internacionais e o pensador francês Michel Foucault. Dividido em três seções seguidas por uma conclusão, o texto almeja inserir-se em um espaço acadêmico de profunda contestação das bases filosóficas que permeiam as teorias convencionais nas ciências sociais e, em especial, nas Relações Internacionais. A primeira seção dedica-se à discussão acerca da sociedade civil global como espaço de interação agente-estrutura; na seção subsequente, ao conceito como um conjunto heterogêneo de agentes não estatais de escopo global. A terceira seção funde as duas partes da definição. Assim, propõem-se duas dimensões definidoras da sociedade civil global: na primeira, como espaço político; na segunda, como conjunto de agentes de características específicas. Por fim, uma breve conclusão encerra o texto - mas não a polêmica da discussão. Conclui-se que o contexto contemporâneo é marcado por uma complexidade de tal magnitude que torna urgente uma abordagem que evite oposições binárias e fronteiras ontológicas naturalizadas e reificadas, estando, assim, apta a interpretar de maneira mais adequada as relações sociais e políticas atuais.
This article aims at understanding the concept of global civil society, from a dialogue between constructivism in International Relations and the French thinker Michel Foucault. Divided in three sections, followed by a conclusion, the text intends to insert itself in an academic space of a profound contestation concerning the philosophical basis of the conventional theories in the social sciences and, specially, in International Relations. The first section is dedicated to the discussion about global civil society as a space of agent-structure interaction; the next section treats the concept as a heterogeneous set of non-state agents of global scope. The third section fuses the two parts of the definition. This way, two defining dimensions of global civil society are proposed: in the first one, a political space; in the second, a set of agents with specific characteristics. Lastly, a brief conclusion ends the text - but not the polemics involved in the discussion. It's concluded that the contemporary context is marked by a huge complexity, so that it becomes urgent an approach that precludes binary oppositions, and naturalized and reified ontological boundaries, thus being able to interpret in a more adequate way the actual social and political relations.