Resumo Acretismo placentário é uma condição caracterizada pela implantação anormal da placenta, que pode ser subdividida em três espectros de acordo com o seu grau de invasão: placenta acreta (ultrapassa a decídua basal e adere ao miométrio), placenta increta (penetra o miométrio) e placenta percreta (invasão da serosa uterina ou de tecidos/órgãos adjacentes). A incidência de acretismo placentário aumentou significativamente nas últimas décadas, principalmente em função da elevação das taxas de cesarianas, sendo este o seu principal fator de risco. A sua identificação pré-natal precisa permite um tratamento ideal com equipe multidisciplinar, minimizando significativamente a morbimortalidade materna. Os exames de escolha são a ultrassonografia e a ressonância magnética (RM), sendo a RM um método complementar indicado quando a avaliação ultrassonográfica é duvidosa, para pacientes com fatores de risco para acretismo placentário ou quando a placenta tem localização posterior. A RM é preferível também para avaliar invasão de órgãos adjacentes, oferecendo um campo de visão mais amplo, o que melhora o planejamento cirúrgico. Diversas características na RM são descritas no acretismo placentário, incluindo bandas hipointensas em T2 intraplacentárias, protuberância uterina anormal e heterogeneidade placentária. O conhecimento desses achados e a combinação de mais de um critério aumentam a confiabilidade do diagnóstico.
Abstract Placenta accreta spectrum disorders are characterized by abnormal adhesion of the placenta that can be subdivided into three categories according to degree of invasion: placenta accreta (passing through the decidua basalis and adhering to the myometrium); placenta increta (penetrating the myometrium); and placenta percreta (invading the uterine serosa or adjacent tissues or organs). The incidence of placenta accreta has increased significantly in recent decades, mainly because of an increase in the rates of cesarean section, which is its main risk factor. Accurate prenatal identification makes it possible to institute the ideal treatment with a multidisciplinary team, significantly minimizing maternal morbidity and mortality. The examinations of choice are ultrasound and magnetic resonance imaging (MRI). When the ultrasound evaluation is inconclusive, as well as when the patient has risk factors for the condition or the placenta is in a posterior location, MRI is indicated. In cases of placental invasion of the adjacent pelvic organs, MRI is also preferable because it provides a broader field of view, which improves surgical planning. Numerous features of placenta accreta spectrum disorders are discernible on MRI, including dark intraplacental bands, uterine bulging, and heterogeneous placenta. Knowledge of these findings and the combination of two or more of them increase confidence in the diagnosis.