RESUMO O ordenamento territorial na Região Sudeste do Brasil foi marcado por ciclos econômicos marcantes de uso e ocupação da terra. Para avaliar tal dinâmica foram realizados levantamentos de dados históricos e naturais do Município de Ribeirão Preto - SP. Neste contexto, foi adotado o método de análise espaço-temporal, baseado no mapeamento do uso e ocupação da terra, a partir da reconstituição do mapa de do uso de 1910, junto aos mapeamentos de imagens de satélite e fotografias aéreas pelo método da classificação orientada a objeto de 1973, 1985, 1995, 2005, 2015, 2019. O objetivo foi quantificar os usos, traçar tendências, avaliar a efetividade das políticas públicas e destacar potencialidades e riscos ambientais. Os mapas revelam o crescimento e expansão das fronteiras agropecuárias, que indica uma mudança da base econômica da região, que passou de grande produtor de café para um polo de produção de cana-de-açúcar e agroindustrial. Tais mudanças refletem a queda de preço do café e os programas federais de incentivo à produção de açúcar e etanol. Assim, a estrutura fundiária não sofreu grandes alterações e continua com o predomínio das grandes propriedades, mas agora geridas por holdings e sociedades anônimas. Já, a urbanização ocorreu de forma acelarada e foi impulsionada pela revolução verde, principalmente a partir de 1960, resultando no forte exôdo rural na região. Este processo, resultou em uma série de impactos socioambientais, relacionados às ocupações irregulares de áreas para moradias e aumento da violência urbana e rural, além do aumento da demanda por recursos naturais, como, por exemplo, o aumento da demanda de água e por consequência das águas do Sistema Aquífero Guarani, que resultou no rebaixamento do lençol freático e causou restrições ao seu uso. Além disto, a vegetação nativa da região foi quase totalmente desmatada e os solos apresentam, localmente, sinais de erosão acelerada, que tende a impactar de forma deletéria os recursos hídricos superfíciais, que já sofrem com os despejos de efluentes municipais e industriais. Neste contexto, a região de Ribeirão Preto é um polo econômico agropecuário mundial, que depende de seu potencial natural. Portanto, o planejamento sustentável do uso e ocupação territorial deve ter como prioridade proteger e preservar estes recursos naturais, visto a dependência histórica do município dele.
ABSTRACT The territorial planning in the Southeast Region of Brazil was marked by marked economic cycles of land use and occupation. To assess this dynamic, surveys of historical and natural data from Ribeirão Preto - SP. In this context, the method of space-temporal analysis was adopted, based on the mapping of land use and occupation, from the reconstitution of the map of the use of 1910, together with the mapping of satellite images and aerial photographs by the method of oriented classification the object of 1973, 1985, 1995, 2005, 2015, 2019. The objective was to quantify the uses, trace trends, evaluate the effectiveness of public policies and highlight potential and environmental risks. The maps reveal the growth and expansion of agricultural frontiers, which indicates a change in the region's economic base, which has gone from being a major coffee producer to a sugarcane and agribusiness production hub. Such changes reflect the drop in the price of coffee and the federal programs to encourage the production of sugar and ethanol. Thus, the land ownership structure has not undergone major changes and continues to be dominated by large properties, but now managed by holding companies and anonymous society. Urbanization took place at an accelerated rate and was driven by the green revolution, mainly from 1960, resulting in the strong rural exodus in the region. This process resulted in a series of socio-environmental impacts, related to irregular occupations of areas for housing and increased urban and rural violence, in addition to the increased demand for natural resources, such as, for example, the increased demand for water and consequently of the waters of the Guarani Aquifer System, which resulted in the lowering of the water table and caused restrictions on its use. In addition, the region's native vegetation has been almost completely deforested and the soils show signs of accelerated erosion locally, which tends to have a deleterious impact on surface water resources, which are already suffering from municipal and industrial effluent discharge. In this context, the Ribeirão Preto region is a global agricultural economic hub, which depends on its natural potential. Therefore, the sustainable planning of territorial use and occupation should have as a priority to protect and preserve these natural resources, given the historical dependence of the municipality on it.