Objetivo: Analisar e comparar a recuperação da córnea após queimadura química ocular, em olhos de coelhos tratados com transplante autólogo de limbo conjuntival e limbo córneo-conjuntival. Métodos: Um total de 35 coelhos foi submetido a uma queimadura química unilateral da córnea e limbo, com solução de hidróxido de sódio (NaOH) 1 mol -1. Após 30 dias da queimadura, foram constituídos 3 grupos. Os coelhos do Grupo 1(12) não foram operados e foram utilizados como controle. Os coelhos do Grupo 2 (12) foram submetidos a um transplante autólogo, utilizando limbo conjuntival do olho contralateral. Os coelhos do Grupo 3 (11) foram submetidos a um transplante autólogo, utilizando limbo córneo-conjuntival do olho contralateral. Foram estudados os seguintes itens: indução e regressão da neovascularização corneana, tempo de reepitelização corneana, alteração da transparência corneana e estudo do fenótipo corneano, empregando-se métodos de rotina hematoxilina-eosina (HE), método do ácido periódico - Schiff (PAS) e reação da peroxidase-antiperoxidase (PAP), utilizando anticorpos monoclonais. Resultados: Não houve diferenças estatisticamente significantes, nas variáveis estudadas, quando comparados os dois grupos operados. Houve diferenças estatisticamente significantes, em todas variáveis estudadas, quando comparados os grupos operados com o grupo controle. Notou-se diminuição gradativa do número de células caliciformes, reconhecidas pelo PAS e aumento gradativo do número de células epiteliais corneanas, reconhecidas pelo anticorpo monoclonal AE5, configurando-se, aos 90 dias de pós-operatório, um fenótipo predominantemente epitelial corneano na superfície corneana, independentemente da técnica cirúrgica utilizada. O grupo controle mostrou extensa necrose do epitélio corneano em todos os casos. Conclusões: Os transplantes autólogos de limbo conjuntival e de limbo córneo-conjuntival produziram os mesmos resultados clínicos e fenotípicos epiteliais em um modelo experimental de queimadura química em olhos de coelhos, configurando-se, aos 90 dias de pós-operatório, um fenótipo predominantemente epitelial corneano. O grupo controle mostrou defeitos epiteliais persistentes, aumento da neovascularização corneana, diminuição da transparência e fenótipo da superfície corneana tipicamente conjuntival.
Purpose: To compare corneal recovery after ocular chemical burn in rabbit eyes treated with conjunctival limbus or keratoconjunctival limbus autografts. Methods: Thirty-five rabbits underwent a unilateral ocular chemical burn, including the cornea and the limbus, applying a NaOH 1 mol -1 solution. After 30 days, a conjunctival limbus autograft from the contralateral eye was performed in Group 2 (12 eyes); a keratoconjunctival limbus autograft from the contralateral eye was performed in Group 3 (11 eyes) and no surgeries were carried out in the control group (Group 1). Statistical analysis regarding induction and regression of corneal neovascularization, time for corneal re-epithelialization, rate of corneal transparency was performed. The corneal surface phenotype was also analyzed by monoclonal antibodies (AE-5). Results: After 90 days of follow-up, improvement of corneal transparency, decreased corneal neovascularization and corneal re-ephitelialization were significantly associated with limbal transplantation, carried out in Groups 2 and 3. The control group (Group 1) showed epithelial necrosis in all cases. Corneal surfaces of the operated eyes (Groups 2 and 3) showed a gradual decrease of goblet cells, a gradual increase of corneal epithelial cells, and postoperative stabilization after 30 days. Conclusions: Conjunctival limbus and keratoconjunctival limbus autografts produced the same clinical and epithelial phenotype results in an experimental model of chemical burns in rabbit eyes.