Resumo Introdução: O câncer de cabeça e pescoço impacta a carga global de doenças, representa importante causa de morbimortalidade no Brasil e no mundo. Objetivo: Conhecer e descrever a compleição clínica, epidemiológica e assistencial dos atendimentos a pacientes com câncer de cavidade oral e orofaringe registrados no Brasil, diagnosticados de 2007 a 2016. Método: Estudo transversal, feito a partir de dados secundários de base hospitalar, por meio de técnica de documentação indireta. Resultados: Houve 52.799 registros hospitalares de câncer de cavidade oral e 34.516 casos de câncer de orofaringe no período considerado. Predominaram pacientes do sexo masculino, da faixa etária de 50-59 anos, predominantemente branca, e de baixo nível de escolaridade. Ao longo do período houve redução expressiva do histórico positivo de consumo de bebida alcoólica e tabaco, exceto para bebida alcoólica no câncer de cavidade oral. A maioria dos pacientes foi diagnosticada em estágio avançado da doença (III ou IV). A maior parte dos pacientes de câncer de cavidade oral apresentava-se sem evidência da doença, enquanto que grande parte dos pacientes com câncer de orofaringe evoluiu a óbito. O primeiro tratamento mais frequente oferecido aos pacientes com câncer de cavidade oral foi cirurgia, enquanto para os pacientes com câncer de orofaringe foi a quimioradioterapia. Conclusão: Apesar de se observar, de maneira geral, redução dos registros do consumo de bebida e tabaco, o aumento do número de atendimentos, o diagnóstico tardio predominante e o baixo nível de escolaridade dos pacientes apontam para a necessidade da educação em saúde, de prevenção primária e do diagnóstico precoce do câncer de cavidade oral e orofaringe.
Abstract Introduction: Head and neck cancer has an impact on the global burden of diseases, representing an important cause of morbidity and mortality in Brazil, as well as worldwide. Objective: To learn and describe the clinical, epidemiological and care configuration provided to patients with cancer of the oral cavity and oropharynx recorded in Brazil, diagnosed from 2007 to 2016. Methods: This is a cross-sectional study, carried out using secondary hospital-based data, using the indirect documentation technique. Results: There were 52,799 hospital records of oral cavity cancer and 34,516 cases of oropharyngeal cancer in the assessed period. There was a predominance of male patients, aged 50-59 years, mostly Caucasians, and with a low level of schooling. Throughout the period there was a significant reduction in the positive history of alcohol and tobacco consumption, except for alcoholic beverages in oral cavity cancer. Most patients were diagnosed at an advanced stage of the disease (III or IV). Most patients with oral cavity cancer had no evidence of the disease on follow-up, while most patients with oropharyngeal cancer died. The first most frequent treatment offered to patients with oral cavity cancer was surgery, while for patients with oropharyngeal cancer it chemoradiotherapy predominated. Conclusion: Despite the fact that, in general, there was a reduction in the records of patient alcohol and tobacco consumption, the increase in the number of medical consultations, the predominantly late diagnosis and the patients’ low level of schooling indicate the need for health education, primary prevention and early diagnosis of cancer of the oral cavity and oropharynx.