Resumo No Canadá atual, as questões envolvendo o tráfico humano estão em alta na agenda pública. Uma variedade de atividades é incluída dentro dessa rubrica, incluindo a prostituição doméstica, na qual cruzar fronteiras nacionais ou internas não é um pré-requisito para como o Estado define o tráfico. O Canadá não está sozinho em sua definição expansiva de tráfico humano. Globalmente, trabalho sexual/prostituição, “tráfico sexual”, trabalho infantil, trabalho migrante infantil, e “escravidão moderna” são parte integral dos discursos hegemônicos sobre “os horrores” do tráfico humano. Neste artigo analiso três campanhas proeminentes que sustentam esse discurso e discuto algumas das ações que essas campanhas promoveram. Argumento que um exame mais detalhado deixa visível uma versão do século XXI do “fardo do homem branco” apoiado por interesses ocidentais, corporativos e neoliberais contemporâneos, através dos quais, a exploração e o abuso sem restrições da vida e da força dos/as trabalhadores/as continuam ocorrendo. Argumento que, ao invés de ir “ao fundo da questão”, os discursos dominantes sobre tráfico humano tendem a ofuscar problemas estruturais e a revitalizar o imperialismo de novas maneiras.
Abstract In Canada today the issue of human trafficking is high on the public agenda. A variety of activities are included under the rubric, including “homegrown” or domestic prostitution, where crossing either national or internal borders is not a requisite for state definitions of trafficking. Canada does not stand alone in this attention for an expansive definition of human trafficking. Globally, sex work/prostitution, “sex trafficking,” child labour, undocumented migrant labour, and “modern slavery” are integral to hegemonic discourses on “the horrors” of human trafficking. In this paper I look more closely at three prominent campaigns that sustain this discourse and discuss some of the work that these campaigns do. I argue that a closer examination makes visible a twenty first century version of the “white man’s burden” supported by contemporary western, corporate, neoliberal interests, through which the unfettered exploitation and abuse of working people’s lives and labour continues. So, rather than getting to “the bottom of things,” I argue here that dominant discourses on human trafficking tend to obfuscate structural problems and revitalize imperialism in new ways.