RESUMO A ação de corrigir alguém, já analisada em diversos cenários, principalmente em sala de aula (Garcez, 2006; McHoul, 1990), recebeu atenção de analistas da conversa particularmente como desdobramento do estudo da sistemática de reparo (Schegloff et al., 1977), sendo por muitos tratada como subtipo de reparo. Questionamentos sobre a pertinência de manter a ação de corrigir no domínio do reparo (Cheng, 2014; Hall, 2007; Macbeth, 2004) motivaram retomarmos trabalho anterior (Garcez & Loder, 2005) e rever a questão. Nesta retrospectiva, além de levantamento bibliográfico de estudos desde então, analisamos dois excertos de fala-em-interação em português brasileiro (um de sala de aula e outro de conversa cotidiana) e evidenciamos os trabalhos interacionais próprios desempenhados mediante as ações de fazer reparo (em sistemática fundamental para abordar e resolver problemas de intersubjetividade) e corrigir o interlocutor (ação despreferida para expor posições epistêmicas desiguais). Afinal adotamos a posição de que, mesmo podendo operar sucessivamente numa mesma sequência, essas são ações em domínios organizacionais distintos.
ABSTRACT Described in several interactional settings, most notably the classroom (Garcez, 2006; McHoul, 1990), the action of correcting someone has received attention from conversation analysts particularly within the study of the systematics of repair (Schegloff et al., 1977), where it was treated by many authors as a repair subtype. Doubts about and challenges to the pertinence of understanding other-correction in the domain of repair (Cheng, 2014; Hall, 2007; Macbeth, 2004) have motivated us to resume previous work (Garcez & Loder, 2005) and revisit the phenomena here. In this retrospective, after a survey of relevant research, we analyze two excerpts of interaction in Brazilian Portuguese (one from classroom talk-in-interaction, one from ordinary conversation) to underscore the distinctive interactive work performed by participants when doing repair (within the foundational systematics designed to address and solve problems of intersubjectivity) and other-correction (a dispreferred first action to expose unequal epistemic stances). We thus adopt the position that, even though they may operate successively in one same sequence, these are actions in different organizational domains.