RESUMO Racional: Com a disseminação da cirurgia hepática minimamente invasiva tem-se observado nos últimos anos número crescente de trabalhos que demonstram seus potencias benefícios. No entanto, a maior parte da evidência disponível provém de estudos observacionais retrospectivos sujeitos a vieses, em especial, os de seleção. Além disso, em muitas casuísticas são incluídas no mesmo grupo diversas modalidades de operações minimamente invasivas. Objetivo: Comparar os resultados perioperatórios (até 90 dias) de pacientes submetidos a ressecções hepáticas totalmente laparoscópicas com pacientes contemporâneos por cirurgias abertas, pareados por pontuação de propensão (propensity score matching PSM), submetidos a ressecções hepáticas convencionais. Método: Foram estudados pacientes adultos consecutivos submetidos à ressecção hepática. Para homogeneização dos grupos foi utilizado pareamento por pontuação de propensão, utilizando a variável idade, gênero, tipo de doença (benigna vs. maligna), tipo de hepatectomia (maior vs. menor) e presença de cirrose. A partir disto, os grupos foram redefinidos com proporção 1:1, pelo método nearest. Resultado: Após o pareamento foram incluídos 120 pacientes em cada grupo. Os submetidos à operação totalmente laparoscópica apresentaram menor tempo cirúrgico (286,8±133,4 vs. 352,4±141,5 min, p<0,001), menor tempo de internação em unidade de terapia intensiva (1,9±1,2 vs. 2,5±2,2dias, p=0,031), menor tempo de internação hospitalar (5,8±3,9 vs. 9,9±9,3dias, p<0,001) e redução de 45% nas complicações perioperatórias (19,2 vs. 35%, p=0,008). Conclusão: As ressecções hepáticas totalmente laparoscópicas são exequíveis, seguras e associadas à menor tempo operatório, menor tempo de internação em unidade de terapia intensiva e internação hospitalar, além de diminuição nas complicações perioperatórias.
ABSTRACT Background: There have been an increasing number of articles that demonstrate the potential benefits of minimally invasive liver surgery in recent years. Most of the available evidence, however, comes from retrospective observational studies susceptible to bias, especially selection bias. In addition, in many series, several modalities of minimally invasive surgery are included in the same comparison group. Aim: To compare the perioperative results (up to 90 days) of patients submitted to total laparoscopic liver resection with those submitted to open liver resection, matched by propensity score matching (PSM). Method: Consecutive adult patients submitted to liver resection were included. PSM model was constructed using the following variables: age, gender, diagnosis (benign vs. malignant), type of hepatectomy (minor vs. major), and presence of cirrhosis. After matching, the groups were redefined on a 1:1 ratio, by the nearest method. Results: After matching, 120 patients were included in each group. Those undergoing total laparoscopic surgery had shorter operative time (286.8±133.4 vs. 352.4±141.5 minutes, p<0.001), shorter ICU stay (1.9±1.2 vs. 2.5±2.2days, p=0.031), shorter hospital stay (5.8±3.9 vs. 9.9±9.3 days, p<0.001) and a 45% reduction in perioperative complications (19.2 vs. 35%, p=0.008). Conclusion: Total laparoscopic liver resections are safe, feasible and associated with shorter operative time, shorter ICU and hospital stay, and lower rate of perioperative complications.